Boa Cerveja-Feira #347… Batarra

Esta semana trazer a improvável mescla de um estilo clássico inglês com a icônica bebida nacional, provando uma Barley Wine envelhecida em barris de cachaça, com a Ybyrá Batarra.

A Batarra é produzida pela Zalaz, uma cervejaria que já comentamos na coluna da Flor de Bananeira e da Perfume de Laranjeira. Mas que desta vez aposta no envelhecimento da cerveja em barris de que ficaram por mais de 15 anos armazenando a mesma cachaça.

Hoje minha indicação de série irá para o lado gastronômico, com uma série que apresenta a comida mais icônica do México, “Na Rota do Taco”.

Nesta série, cada episódio aborda um tipo de preparo do taco, demonstrando que este prato pode ser muito mais complexo do que pensamos. Desde o tipo de carne, o tipo de cocção, a apresentação e ainda mais interessante em como a história do taco está diretamente ligada a própria história do México e seu povo.

Isso faz pensar em como estas comidas do dia a dia são diretamente ligadas a nossa própria história e que por mais simples que aparente ser, sempre haverá um local que irá quebrar os paradigmas e inovar o prato.


Batarra

BatarraDados Técnicos:

Cerveja: Batarra
Estilo: Barley Wine
Teor: 10,0 %
País de origem: Brasil
Embalagem: 500 ml
Nota: 4,00

 


Ao servirmos a Batarra vemos uma cerveja castanha, cristalina e brilhante. A espuma se forma em tom bege claro e tem breve duração.

No aroma as notas amadeiradas, alcoólicas e de melaço de cana são intensas e ocupam o primeiro plano de maneira completa.  Em segundo plano conseguimos derivar a percepção alcoólica para mais próxima de cachaça, além de notas de caramelo, o melaço passa a apresentar um toque de mosto.

Ao provarmos notamos a baixa carbonatação aliada a um corpo alto e uma sensação de aveludada. Enquanto que no paladar encontramos notas de madeira, caramelo, melaço de cana, suave percepção de pão preto. Já em segundo plano temos leves notas condimentadas e picantes que surgem quase no final.

O aftertaste nasce destas notas condimentadas e agrega notas de madeira e herbal como um pico e depois desvanecem deixando um final seco e com aquecimento alcoólico.

A última coisa que podemos falar da Batarra é que este rótulo não tem personalidade, pois a identidade da cervejaria está cravada no conceito e na qualidade desta cerveja. A leitura feita do estilo agregando o toque de madeira e da cachaça são muito bem-vindos e vão de encontro as características do estilo.


Para uma cerveja potente com a Batarra devemos pensar e como não perder o prato escolhido abaixo de suas características. Pensar em como usar isto ao nosso favor e para isso pensei em uma carne forte e gordurosa.

Minha sugestão é harmonizarmos com cupim no bafo. A ideia é deixarmos a carne cozinhar em sua própria gordura por muito tempo, deixando tenra e saborosa. O papel da cerveja será contrastar a gordura com seu álcool e deixar o palco para as notas amadeiradas e de melaço de cana completarem o sabor da carne.

Prost!

Fabrizio Guzzon