Você passa um tempão se programando, pesquisando, economizando e, quando sai 15 dias de férias, a primeira coisa que ouve é “tá podendo, hein”, “queria eu tá toda hora viajando pra Europa” e blá, blá, blá. Viajar é uma das coisas mais legais a se fazer. Cultura e grandes experiências em um espaço curtinho de vida. E dá pra todos. Bolsos grandes ou pequenos, com luxo ou espartano. É só uma questão de planejamento já que somos livres. Só não dá pros pobres de espírito :D.
Depois desse preâmbulo sincerão, vamos ao que interessa. No final de 2017, eu e a Marisa, minha companheira, fizemos um roteiro pela Europa que agradaria viajantes com interesses diversos. Mas, como nosso foco aqui no Beercast é cerveja, então vou me concentrar nessa parte da bebida que tanto nos diverte, beleza? O propósito é contar nossa experiência pra, talvez, servir de dica de viagem a quem nos lê.
Como disse, tínhamos 15 dias. Pouco pra muitas intenções. Quando viajamos, não gosto da passar rapidamente pelos lugares, bater umas fotos e colocar mais um destino na lista. A ideia é realmente sentir o local e ter tempo livre pra sair andando por aí, sem roteiro. Então passamos por 3 países e 5 cidades. Tudo isso rolou entre 14 e 28 de novembro de 2017.
Berlim
Se vou visitar a Alemanha pela primeira vez, por que não começar pela maior cidade? Berlim talvez seja uma das mais cosmopolitas do país, com um passado marcado pela guerra, comunismo/capitalismo e exemplares de cervejarias com e sem tradição local. Se for fazer como nós, nessa mesma época, é bom levar agasalhos, a temperatura fica por volta de 5º pra baixo. Eu adoro! E acho o outono uma época muito especial. Ainda não está tudo congelado e a vegetação fica toda pintada em tons de laranja, amarelo e vermelho. Lindo.
O voo, optamos pela KLM, a mais barata, indo pra Berlim com escala em Amsterdam (ou Amsterdão, como dizem os portugueses) e volta por Zurique, com a mesma escala. Mas cuidado, eu nunca mais faço uma viagem com intervalo de conexão tão curto, neste caso, menos de 1 hora. O pessoal da companhia jurou que dava tempo, mas é claro que tivemos que correr que nem uns loucos no aeroporto pra não perder o outro voo, além das malas não chegarem junto com a gente. Estresse e uma espera de 11 horas até nossa bagagem ser encontrada e entregue no AIRBNB da Simone, perto do metrô da estação Bernauer Strasse. Fica há uns 2 km da Alexanderplatz, a Praça da Sé de Berlim, então, muito bem localizada.
Enquanto não sabíamos por onde andavam nossas coisas, entramos em um supermercado na Alexanderplatz para comprar algumas coisas. Aproveitei e peguei uma garrafa de Berliner Weisse da BRLO Craft Beer.
As notas de quase todas as cervejas que provei na viagem estão no perfil “Anselmo Mendo” no Untappd, então não vou tratar de avaliações aqui. As Berliners eram um estilo que me interessa muito conhecer dessa vez. Valeu a pena viajar com isso em mente porque as cervejarias locais me pareceram se esforçar pra manter a tradição.
No No 2º dia, com o problema das malas e outras providências resolvidas, estávamos prontos para realmente começar a aproveitar a viagem. Uma das minhas dicas para a Europa é: compre um chip para seu celular, é relativamente barato, cerca de 10 euros, e vai te ajudar muito aonde não tiver wi-fi e, dependendo da operadora, você poderá utilizar em diversos países. Fizemos isso lá mesmo nas lojas da Alexanderplatz em seguida partimos para nossa primeira caminhada em uma cidade plana e agradável de se andar. Passamos pela Torre de Televisão da antiga Alemanha Oriental, o Charlie Check Point, almoçamos na feira de natal na Postdamer (essa época do ano é boa pra aproveitar essas feiras de rua que acontecem em muitas cidades na Europa), Sony Center, Portão de Brandemburgo, Palácio do Reichstag (tem visita guiada grátis) e dali partimos para ter uma experiência bávara na cidade errada. É que Munich não estava nos planos dessa vez, mas não queria deixar de visitar a Hofbräu München de Berlin. Provei a HB Original, a Dunkel e a Weiss, por aproximadamente 5 euros cada 500ml, e comi o Münchner Weißwürste, um salsichão branco com pretzel. O garçom era brasileiro e usava uma daquelas roupas típicas, de calças curtas, do folclore da Bavária. Legal pra Oktoberfest, mas imagino que não deva ser agradável ter que ir trabalhar de metrô todo dia vestido assim.
Andamos muito pela cidade todos os dias, que pra nossa sorte estavma lindos a maior parte do tempo. No terceiro dia começamos pela Catedral de Berlin (protestante), em seguida o Tiergarten (o maior parque da cidade, que fica lindo nessa época do ano justamente pelas cores de outono que citei lá no começo) e o Memorial dos Judeus Mortos na Europa (impressionante). O Alexander Michelbach, do BeerFlakes, meu deu várias dicas pra essa viagem e, seguindo uma delas, fomos de metrô (o metrô de Berlim é excelente, tem uma rede ampla te leva a todo canto no centro expandido) a um bairro mais afastado conhecer o pequeno Berliner Berg Brauerei. Excelente opção. Bebi a Havu Gose, (uma Leipziger Gose, da Bayerischer Bahnhof Gasthaus & Gosebrauerei), a Marlene (Berliner Weisse da SchneeEule – Chinevaile) e uma Oak Smoked Peaches (da Brouwerij Alvinne). Preço ente 2,5 e 6 euros. Enquanto estava lá cometi uma gafe. Fiz um post no Facebook sobre o local e a Daiane Colla, a famosa Sommelière, marcou o dono da casa. Escrevi então que estava adorando suas cervejas e descrevi quais tomei. Ele respondeu “obrigado, mas essas aí não são minhas não, todas convidadas”. Então, pedi a sua Lager e complementei, “… e sua excelente Lager também!”.
No dia seguinte mudamos do Airbnb para o IntercityHotel que fica ao lado da Hauptbahnhof, a estação central de trem. Foi uma boa ideia porque no manhã seguinte sairíamos bem cedo rumo a Dresden. Dali partimos para conhecer a igreja Gedächtniskirche (muitos a chamam de kaputte kirche, ou traduzindo, igreja quebrada), em seguida fomos a parte do muro de Berlin mais preservada, no antigo lado oriental. Logo na chegada demos de cara com um desfile de Trabants, aquele modelo único que rodava durante a Guerra Fria, do lado comunista. O almoço foi em um restaurante mais central, pratos típicos com salsicha e chucrutes e a muito boa Schwarzbier da Märkischer Landmann. Dali, debaixo de chuva, o que deixa o frio mais frio, fomos a Ilha dos Museus conhecer o Pergamonmuseum, o mais famoso e visitado da cidade. Mas, como o assunto aqui é cerveja, pulamos essa parte bacana e vamos direto ao bar da Weihenstephaner, outra experiência da Baviera em Berlim. A maioria dos leitores já deve ter ouvido falar que a Weihenstephaner é a mais antiga cervejaria em atividade no mundo e suas cervejas de trigo tem fama internacional. Recomendo que você vá até lá beber nos copões.
Dali pulamos para o bar da Lemke, craft beer local, a apenas alguns metros de distância. Recomendo a Lemke Original (Lager – Vienna), Budike Weisse (Sour – Berliner Weisse) e os embutidos da casa pra acompanhar.
Dresden
Na manhã seguinte, escuro ainda, partimos de trem rumo ao leste, para a cidade de Dresden, escolhida por representar o lado oriental do país e ficar a meio caminho de Praga, nosso destino seguinte. Começamos o dia mal, erramos a data, estávamos em 19/11, mas a nossa passagem era para o dia 20/11. E descobrimos isso só quando a senhora que checa os tickets nos disse em alemão algo como “vacilou, mano, data errada”. Deduzimos, já que não entendemos nada de alemão. E demorou um tempo pra cair a ficha. Ela poderia ter nos chutado pra fora, mas foi gente boa e deixou que descêssemos, desde que comprássemos a passagem para o restante da viagem. Abrindo mais um parênteses aqui, gostaria de deixar um beijo especial pra funcionária, caso esteja nos lendo. Acho que simpatizei especialmente com ela porque se parecia um pouco com a doce senhora da foto abaixo.
Na prática não precisamos comprar nenhuma passagem, porque estávamos adiantados e era só pegar a continuação da viagem dali a dois dias. O que precisei foi reservar mais uma noite no Ibis da cidade. Fiz isso de dentro do trem, reforçando a dica lá em cima, compre um chip com internet para o seu celular.
Dresden foi severamente atacada durante a guerra, mas por sorte e grande esforço dos moradores na reconstrução de alguns edifícios, hoje existe uma linda cidade com aparência do século passado para ser visitada. Conhecemos monumentos, prédios históricos, museus e o Pub da Paulaner München, adicionando mais uma experiência cervejeira do sul a no nossa história no leste.
Se você tiver oportunidade de passar pela cidade, faça como nós e visite a Ópera de Dresden. Por pura sorte, de chegar na hora certa, tivemos a oportunidade de assistir A Flauta Mágica de Mozart.
Dica cervejeira: atravesse o rio Elba e visite a Hopfen Kult Craft Beer Store que tem uma excelente oferta de cervejas alemãs artesanais.
Na manhã seguinte voltamos ao trem e partimos rumo a Praga, o próximo post.
Anselmo,
Muito legal ver o relato da viagem, principalmente quando vejo a quantidade de cervejas que temos disponíveis localmente e que não temos a menor ideia que existem .
É bacana ver também quando temos contatos que tem contatos e acabamos por conhecer ainda mais gente do meio cervejeiro por conta disto, acho que esta é uma das grandes vantagens que temos em fazer estas amizades (além da amizade propriamente dita, obviamente).
Abç
Guzzon
Legal Guzzon! Isso, com relação a cerveja, uma amizade sempre acaba engatando várias outras. Quero voltar pra Alemanha ainda pra conhecer outras regiões, especialmente Munique. E concordo, a cerveja local é o que mais anima nessas viagens. Dá pra encontrar coisas que nem imaginamos. Abs!
Eita!
Baita post, Anselmo.
Já fui a Berlim e Praga numa mesma viagem também, mas o interesse cervejeiro era um pouco menor que o seu. Não conhecia as sours na época também. Bebi muita lager e helles em Berlim.
Berlim é muito interessante pela arte de rua também. Fiz um tour grátis desses que começava em baixo da grande torre que o pessoal visita e seguia a pé por diversos pontos turísticos. No final pagava o quanto quisesse. Enfim, foi esse tour que me fez interessar por grafites em geral. Ele comentava bastante sobre os artistas e as obras. Não sou um conhecedor, mas achei bem legal. Acho que vc deve ter curtido também, não?
Valeu!
Valeu Daniel, obrigado!
Sim, curti bastante. Berlim é muito cosmopolita e a arte de rua tem influência do mundo todo. Passamos quase um dia inteiro só atrás das histórias dos grafites do muro de Berlim. Mas não é só ali, a cidade toda esta fortemente relacionada com isso. E procurando, tem grafite brasileiro bem bonito por lá. Dava pra escrever uns textos só sobre esse tema, mas ficaria sem sentido aqui. Precisaria achar outro lugar
Os outros posts já estão prontos e logo publico, abração.