Essa é a parte 2 de nossa viagem com mais dicas cervejeiras. Os primeiros trechos, São Paulo/Amsterdam/Berlim e Berlim/Dresden, estão na parte 1.
Praga e Pilsen
Chegamos em Dresden de trem e voltamos a ele para continuar viagem rumo a Praga, capital da República Tcheca e país das Pilsens. Duas horas de viagem e clima e temperatura muito parecidos entre a cidades. Uma das nossas primeiras preocupações ao checar em Praga foi trocar Euros por Coroas Tchecas, algo mais ou menos equivalente a 1 para 25. Como em qualquer país, tente não fazer isso na estação de chegada e compare os preços nas casas de câmbio da cidade. Você descobrirá uma grande variação de preços.
Ficamos hospedados no Hostel Old Prague House, reservado pelo aplicativo do Booking e localizado há algumas quadras da Ponte Carlos. Apesar de se tratar de um hostel, foi a melhor hospedagem da viagem, sem dúvida. Quarto e banheiros enormes, apesar da decoração bem brega, e muito confortável.
Primeira parada depois do checkin, U FLEKU, o mais tradicional Pivovar (cervejaria) do país. Uma mistura de Restaurante e Bar, fundado em 1499. Só serve um tipo de cerveja, feita na casa, uma lager escura que harmonizei com Goulash, um tipo de ensopado de carne. Quando você lê a respeito do U FLEKU, a propaganda te vende Baywatch, mas quem te atende é o pessoal do Prision Break.
Fome e sede matados, fomos passear pela cidade e conhecer as pontes sobre o rio Moldava (Vltava, em checo), a famosa Ponte Carlos, o Relógio Astronômico na Torre da Prefeitura e vielas da Cidade Velha. Tudo lindo e com muita informação em outros blogs sobre turismo por aí. Então vamos pular pra janta que fizemos em outro Pivovar, o U Dvou Kocek, onde provei as duas cervejas da casa, uma lager escura e outra clara: Svetla Kocka e Tmava Kocka.
Bom lembrar também que a República Tcheca é a terra do Absinto. Além de bares especializados, você encontra a bebida pra vender em qualquer boteco ou mercearia. Comprei essa aí com aditivos.
Na manhã seguinte partimos cedo para o Castelo de Praga. Nele você pode visitar a Catedral de S. Vito, o Palácio Real, a Torre Dalibor, o Convento de São Jorge e a Viela Dourada. É considerado, conforme o Guinness Book, o maior castelo do mundo. Isso tomou nosso dia todo e não tivemos tempo pra almoçar de verdade, então o jantar foi reforçado no U Templaru 2, no famoso bairro de Malá Strana. Ali provei pela primeira vez a Budweiser da Budvar (aquela que veio antes da americana).
Praga é também conhecida por suas confeitarias. Vale a pena então experimentar doces como os que são feitos no Café Savoy. Compramos alguns e fomos comê-los em uns banquinhos a margem do Moldava. Na hora não me ocorreu, mas deveria ter comprado alguma cerveja em garrafa pra harmonizar com essas maravilhas. Tente, se você for até lá, e me conte depois.
Uma boa pedida a noite é ir conhecer a Casa Dançante, desenhada pelo arquiteto Vlado Milunić, em cooperação com o famoso arquiteto canadense Frank Gehry. Suba até o café e aproveite uma bela vista da cidade. Se consumir algo, não precisa pagar nada pra ir até o terraço onde provei a Kozel Černý, uma Lager Dark comunzona.
Fique esperto e ande sempre com trocados. Como você já deve ter notado, Praga é um lugar onde há muitos bares pra se beber a vontade, mas quase todo o banheiro é pago. Tem sempre uma velhinha atrás da porta pra pegar o seu dinheiro e se não tiver trocado vai continuar apertado.
O dia seguinte foi um grande momento cervejeiro pra mim porque acordamos cedo e fomos à estação Central pegar o trem para Pilsen, a cidade onde foi criado o mais famoso estilo de cerveja do mundo. A viagem leva 1 hora e meia e custa 105 Coroas. Chegando a Plzen (em Theco) e caminhando alguns minutos, você chegará em frente aos portões históricos da Plzensky Prazdroj ou Pilsner Urquell Brewery.
É possível agendar vários tipos diferentes de tours guiados através do site, fiz isso um dia antes e paguei 200 Coroas, aproximadamente R$ 60, por dois ingressos. O passeio pela fábrica dura mais ou menos 1 hora e 30 minutos e começamos pelo setor de engarrafamento. A fábrica é tão grande que o percurso de um ponto ao outro é feito de ônibus. Tem algumas atrações com vídeos e coisas interativas preparadas especialmente para os turistas. Passamos pelas antigas áreas de brassagem com tanques de cobre. Mas o grande momento aconteceu mesmo quando descemos para as labirínticas galerias subterrâneas onde as cervejas fermentam (ou fermentavam), em barris, a baixas temperaturas. Passamos um bom tempo caminhando por esses corredores frios até chegarmos a uma sequência de barris empilhados onde fizemos uma degustação da Pilsner Urquell não pasteurizada. Posso afirmar que foi a melhor pilsen que já provei na vida.
Chegamos assim ao fim do Tour e estávamos livres para conhecer o restaurante da fábrica, o famoso Na Spilce. Ali, entre diversos pratos, você pode provar uma deliciosa Costelinha de Porco acompanhada de todas as cervejas da casa. Minhas preferidas:
– Rezane Pivo: blend de duas cervejas da casa, uma clara e uma escura.
– Kozel Černý / Dark: do Pivovar Velké Popovice (subsidiária da Urquell).
– Gambrinus Nefiltrovany Lezak: Gambrinus Clara não filtrada.
– Volba Sládku Lezak: sazonal de outono, âmbar, “escolha do mestre cervejeiro”.
No dia seguinte, já de volta a Praga, fomos conhecer o agradável parque Petrina. Caminhos calçados que seguiam a subida do morro entre as árvores do outono. De lá de cima uma maravilhosa vista da cidade. No caminho de volta paramos no Klášterní Pivovar Strahov, onde há uma espécie de biergarden, e provei a Sv. Norbert Special Dark Beer. Esse foi o dia mais quentinho de todos e a temperatura chegou a incríveis 12 graus! Bom pra uma cerveja gelada a céu aberto.
Na noite deste mesmo dia fomos conhecer a bar Illegal Beer para experimentar o que se produz na República Tcheca em matéria de craft beer. Foi uma boa experiência, mas as cervejas seguem a tendência internacional de todos os outros bares semelhantes pelos quais já passei na vida. Provei:
– Morrigan by Pivovar Raven: Stout levemente doce no início e bem seca ao final. Muito boa. Microcervejaria tcheca.
– Beskydský ležák by Beskydský pivovárek: Clássica lager de microcervejaria.
– 5$ Milkshake IPA by Chroust: Muito boa, mas acho que os brasileiros fazem melhor.
Recomendo que também conheça a Doceria Paul, em vários pontos da cidade, e coma nas ruas o famosíssimo Trdlo, um assado doce vendido em qualquer esquina e apelidado por nós carinhosamente de Trololó, já que não sabíamos o jeito certo de pronunciar isso em Tcheco.
Adorei tudo o que conheci nesses dias. Praga é uma cidade muito bonita, com ótimos passeios e muita história. E Pilsen é o lugar que todo amante de cerveja precisa conhecer um dia. Junte uma grana e viaje pra lá.
Próximo post, Zurique, a cidade mais cara do mundo :).
Fala Anselmo!
Praga é muito legal. Fui logo depois de Berlim também, em 2013. Andei tanto nessa viagem que uma noite em Praga eu mal conseguia mais caminhar. Acho que foi aí que detonei meus tendões de aquiles a primeira vez (estão doendo nesse momento inclusive).
Pena que na época eu ainda tava beginner na cerveja, mas lembro de ter tomado bastante pilsen e de já saber do valor da Urquell e da Budweiser deles.
Mas meu amigo não se animou de ir em Pilsen, então já tenho desculpa pra voltar lá =)
E quando fizer isso vou voltar aqui pra ler tuas dicas de novo.
Abraço!
Valeu Daniel. Praga é bem legal. Não acho que seja “a mais bela da Europa” como muita gente fala, mas vale a viagem e o dinheiro investido. Uma cidade boa de andar; e entendo os seus tendões calcâneos (meu professor disse que não são mais de Aquiles). Li que vale a pena viajar também para České Budějovice pra conhecer a fábrica da Budweiser Budvar. Essas cidades por onde passamos, mas não estávamos preparados “culturalmente” pra aproveitar tudo, merecem uma nova visita :).
Anselmo,
Achei muito interessante, e achei que pelo seu relato Praga tem opções muito mais diversificadas que seu relato anterior…. arquitetura, culinária, parques, fábricas cervejeiras e bares…
E a visita a fábrica me parece muito legal, algo bastante completo e com um final que agradaria quem entende e quem não entende de cervejas.
Toda vez que vejo estas colunas, suas e do Córdova, fico animado em visitar o velho continente…. apesar que pelo visto minha próxima viagem internacional ainda vai ser para os EUA…. rsrs
Abç
Guzzon
Valeu Guzzon. Eu acho que são experiências diferentes, mas todos os lugares pelos quais passamos são muito interessantes por vários aspectos. Mas todo mundo que gosta de cerveja precisa visitar uma fabricona como a da Urquell. Se vai de novo pra Disney? Abs!
Minha esposa quer ir novamente…. eu prefiro ir no parque da Costa Oeste que não conheço ainda e pelo menos consigo mudar um pouco o roteiro e quem sabe conhecer umas cervejarias.
Abç
Guzzon