Conforme a maioria dos livros, o estilo Russian Imperial Stout tem este nome devido a fama da cerveja com os antigos Czar Russos e que a cerveja era produzida especialmente para a família Imperial. Porém será verdade o que os livros tem registrado ou, como já aprendemos, a história está sendo mal contada?
Pessoal, hoje irei falar um pouco de outro estilo que tem uma história interessante e talvez um pouco controversa. Quem me deu a ideia e inspiração foi o amigo e leitor Daniel Córdova, a algumas semanas atrás. O título na verdade não designa uma diferença, é apenas a forma como a cerveja pode ser chamada mas deu a ideia de fazer referência ao estilo Imperial Stout ou aos Czar Russos, no caso Imperial Russian. Vou tentar dividir em duas partes para que não fique tão confuso quanto tudo que eu costumo escrever. Rs…
Em histórias contadas nos livros há mais de uma versão sobre quem teria descoberto a Stout e popularizada à na Russia. Obviamente que em ambas os Czares Russos são protagonistas, neste caso estamos falando de Catarina “a Grande“ e de Alexandre I, da família Imperial.
Inicialmente, como já vimos essa história antes, os ingleses faziam a sua cerveja para os países colonizado pelo Império Britânico ou em outras palavras, faziam para consumo próprio em outros países. A cerveja escura e altamente alcoólica ficou popular por oferecer um bom aquecimento ao beber-la, ajudando a enfrentar o frio e seu alto teor alcoólico, em parte proveniente da refermentação na garrafa, ajudava a conservar a cerveja nas longas viagens e a manteria protegida de outras leveduras selvagens.
Não está muito claro se foi Catarina ou seu sucessor Alexander o responsável pela popularização da cerveja pois podemos achar histórias aonde se cita Catarina indo a Inglaterra e também Alexandre indo ao mesmo país e retornando com a cerveja ao molde de uma Russian Imperial Stout. Há também a vertente da histórias que conta a chegada inicialmente da cerveja escura e forte na Russia para depois se torna popular entre a família Imperial, lembrando que a Porter já era conhecida nas colônias britânicas.
Diferente do uso do termo “Imperial” atualmente, que faz referência a cervejas com algo extremo ou sendo muito alcoólica, a RIS ganhou este título por causa de sua popularidade entre os Czares Russos, fazendo uma referência direta a eles.
A história conta também um fato aonde Catarina tivesse ordenado a todas cervejarias russas para que produzissem o estilo, o que teria ajudado a reforçar o títulos de Imperial.
Por fim, na minha pesquisa ainda encontrei uma referência a Pedro I, o Grande (e não “Dom”), que também visitou a Inglaterra e se encantou com a cerveja escura tomada por lá. Assim como na história de Catarina, sua sucessora, a cerveja ao ser transportada na primeira viagem acabou estragando e uma cervejaria inglesa, neste caso a Barclay, se ofereceu para fazer uma versão mais lúpulada e alcoólica para que a cerveja sobrevivesse a viagem. Assim se tornando um estilo próprio e especial para a família Imperial, que por sua vez apreciou ainda mais está variação.
Essa de cerveja mais lúpulada e alcoólica para sobreviver a viagem conheço muito bem e já abordei sobre suas falhas históricas. Acaba por parecer até que em certos casos é apenas uma versão diferente da mesma história, só que recontada para ficar parecida de propósito como sendo algo criativo… ou por falta de criatividade / informação!
Fonte: Livros – Larousse da Cerveja, Guia Ilustrado Zahar de Cerveja, A mesa do Mestre-Cervejeiro e Vamos falar de Cerveja
Luquita, essa versão explica o nome inglês do estilo, mas como chamam ela na Russia?
Anselmo, pelo que eu li é o mesmo nome… ou talvez seja Our Kingdom Stout? rs
Ae, Luquita!
Sempre nos oferecendo histórias deliciosas pra aprimorar nossos conhecimentos cervejísticos!
Esse é um estilo que, como o Guzzon, eu tb aprecio bastante! Sempre tenho um exemplar em casa. No momento tenho uma Ithaca da Colorado.
Legal essa de que o termo “Imperial” ser mais ligado à Família imperial propriamente e menos da potência alcoólica, de sabor, de lúpulo!
Parece meio óbvio, mas distraído que sou, talvez nunca tinha parada para pensar nisso…
Muito bom!
Parabéns!
Fala Rica, legal mesmo ver que nem tudo está relacionado só a cerveja e se for parar pra pensar o termo é usado de forma errada hj, ou será que é só uma adaptação?
Cara, que demais! Diria até que é megaboga!
Fiquei maior felizão quando vi meu nome ali no início, já tinha até esquecido que comentei sobre a origem da RIS hehe
Muito legal o texto e vamos aguardar a parte 2.
Realmente essa história de mais lúpulo e álcool lembra bem a das IPAs, no entanto, não deixa de fazer sentido. Será que uma não foi influenciada pela outra?
Também não acho nada estranho os russos terem pedido pra fazer uma Porter/Stout mais alcoólica, já que qualquer coisa com menos de 40% é suco pra eles.
Pessoalmente possuo uma certa implicância em chamar qualquer cerveja mais alcoólica de Imperial, porque tenho na mente essa história da RIS. Pra mim é o mesmo que carregar qualquer cerveja de lúpulo e chamar de Indian (imagina uma Indian Pielsner). Mas isso tudo pode ser só eu sendo ranzinza.
Abraço!
Valeu pela ideia e por curtir Daniel, a história na vdd é um tanto qto diferente do que se imagina. O termo Imperial eu prefiro no uso de algo extremo ao invés de levar o nome do principal ingrediente, passa uma criatividade maior porém não qr dizer que a cerveja realmente será boa rs.
Russos… sempre surpreendendo…
A Russian Imperial Stout esta entre os top 5 estilos que mais gosto, e mesmo sendo um estilo clássico inglês, algumas cervejarias dos EUA tem feito um trabalho primoroso com este estilo, vide a Old Rasputin.
Abç
Guzzon
Muito boa a Old Rasputin mesmo.
Os brasileiros tem mandado muito bem nesse estilo também, vide Colorado Ithaca e Wäls/DUM Petroleum.
Só tenho uma dificuldade imensa em beber cervejas com mais de 10% de álcool. Seja uma RIS, uma Belgian Strong Ale, Barley Wine, etc. Levo quase 1h em alguns casos pra terminar um copo. Só eu que “sofro” disso?
Sorte que a namorada curte tanto quanto (ou mais) que eu e ajuda na empreitada.
Ou quem sabe eu só precise treinar mais, como na época que estava começando com as IPAs.
Abraço
Daniel, algumas realmente são mais difíceis de tomar que outras. Mas é bom tomar uma RIS bem devagar, eu faço pq gosto!
Daniel,
Tambem demoro para beber estas cervejas, elas são mais pesadas e complexas e acabam sendo abertas em horas que você não esta com pressa…. alem de que muitas vezes em temperaturas um pouco maiores temos ainda mais aromas desprendidos.
Abç
Guzzon
Legal, então vejo que não sou só eu.
Eu acho mesmo que não pode ter pressa pra apreciar cerveja, só achava talvez eu fosse meio fraco pra cervejas mais pesadas.
Putz, agora deu vontade de abrir a Ithaca que tenho guardado pra envelhecer. Essas horas tem que ser forte hehe
Vdd Guzzon tb adoro o estilo, qdo bem feito lógico.