E chegamos a última semana do mês para fechar as azedas, e vamos voltar a um dos berços do estilo com a Cuvée Jeun’homme.
Esta cerveja é produzida pela Brouwerij De Leite, uma cervejaria belga relativamente recente, fundada em 1997. O fundador Luc Vermeersch junto com seus Etienne Van poucke Paul Vanneste tem garantido, do decorrer das últimas décadas, uma expansão consistente da cervejaria.
A cervejaria trabalha com vários rótulos, e em muitos casos edições limitadas ou dado o conceito da cerveja séries únicas. E todos com rótulos muito bem trabalhados, a cerveja desta semana por exemplo foi desenhado por Rik Vermeersch, baseado em um trabalho de José Vermeersch..
A Cuvée Jeun’homme é uma sour envelhecida em barris de carvalho usados inicialmente para armazenamento de vinhos, e isso muda completamente a estrutura aromática e os sabores da cerveja. Inclusive me deixando uma dúvida de o quanto disto influenciou no azedo desta cerveja.
Cuvée Jeun’Homme
Dados Técnicos:
Cerveja: Cuvée Jeun’homme
Estilo: Sour Ale
Teor: 6,5%
País de origem: Bélgica
Embalagem: 330 ml
Nota: 4,00
Ao servirmos vemos que a cerveja se apresente em tom dourado, translucida e brilhante. A espuma é formada por bolhas pequenas, porem sua duração é breve.
O aroma inicial apresenta notas muito presentes de madeira, lático e acético. Em segundo plano notas leves de malte, grãos e casca de pão. A mistura das notas de malte e madeira remetem a uma lembrança de aroma de whisky.
Ao provarmos a Cuvée Jeun’homme encontramos uma cerveja de corpo baixo e carbonatação médio baixa. Enquanto que o paladar começa com a percepção cítrica, chegando até mesmo a ser refrescante, mas logo complementada com notas de grãos, leve casca de pão e um suave dulçor de malte. Durante toda a degustação temos a presença da acidez, que começa com intensidade mediana mas ganha força.
O aftertaste é onde o azedo da cerveja ganha destaque, indo para patamares bastante altos com o acético muito evidente. Além disso encontramos o complemento deste azedo intenso com notas de madeira e cítrico com final bastante seco.
A Cuvée Jeun’homme começa de forma refrescante, cítrica e até com leve dulçor, mas sua experiência é uma escalada de intensidade que se mantem alta e persistente. Sem dúvida a cerveja mais complexa e azeda que provei nesta jornada por cervejas ‘sour’ neste mês.
Este é uma cerveja que me desafiou bastante para a harmonização, pois seu azedo intenso pode cobrir muitas das opções que temos para cervejas sour.
Minhas sugestão é uma tentativa bastante arriscada, que só poderei afirmar que funciona depois de testar na prática. Eu sugiro um clássico nacional, o torresmo.
A base desta tentativa é usar a alta carbonatação da cerveja para contrastar com a untuosidade do torresmo. Isso deveria deixar as notas da carne de porco e o amadeirado da cerveja muito mais evidentes, a surpresa que podemos é a intensidade do azedo ainda sobrepor estes sabores e não tornar a harmonização tão boa quanto esperamos.
Prost!
Fabrizio Guzzon
Eu quero só ver o rumo dessas harmonizações depois desse curso que tu fez =D
Daniel,
Vou te falar, por mais que eu tivesse lido e brincado com harmonização, o nível de imersão e conteúdo deste curso é animal… vale muito a pena.
Vou começar a pensar melhor nas harmonizações e inverter um pouco meu planejamento… partir do prato para cerveja ao invés do inverso.
Abç
Guzzon