Hoje vamos conhecer um mosteiro trapista italiano e vamos finalizar a viagem visitando a pequena Siena.
Domingo, 26 de março de 2017.
Começamos o dia arrumando as malas e nos despedindo do nosso hotel em Roma. Mas antes de irmos embora havia uma última coisa a fazer na cidade: visitar a abadia trapista Tre Fontane.
Essa abadia foi a mais recente a receber o selo trapista nas suas cervejas e a única da Itália. Ao todo, hoje temos 11 abadias produzindo cerveja com este selo e mais uma chegando quase lá. Elas são:
- Bélgica: Chimay, Orval, Roquefort, Westmalle, Westvleteren e Achel.
- Holanda: La Trappe e Zundert
- Áustria: Engelszell
- EUA: Spencer
- Itália: Tre Fontane
- França: Mont Des Cats (essa ainda não possui o selo para as cervejas, pois produz a sua na Chimay)
As cervejarias trapistas da Bélgica e da Holanda nós visitamos em 2015 e você pode conferir na série de posts que fiz na época: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10.
Bem, chegamos na abadia Tre Fontane, que fica nos arredores de Roma, ainda pela manhã. Dá pra chegar de carro e estacionar lá dentro, ou num estacionamento público gratuito na rua, pois também há um outro santuário religioso do outro lado da rodovia.
Dentro dos portões da abadia encontramos logo de cara uma lojinha que vendia as cervejas deles, de algumas outras trapistas (comprei uma Orval por lá) e de cervejarias romanas. Além disso haviam outros produtos feitos pelos monges ou de pequenos produtores locais, desde chocolates até geléias, pães, etc. Dá para sentar num banquinho por lá e tomar um espresso também.
Garanti minhas garrafas de Tre Fontane Tripel e de Orval, mas não encontrei a taça para vender. Continuamos o passeio e encontramos uma segunda loja. Nessa havia somente a cerveja da Tre Fontane (curiosamente alguns centavos mais cara do que na loja anterior), alguns licores bem caros feitos pelos monges, artigos religiosos e a taça que eu estava procurando. Já peguei a minha por lá mesmo.
O passeio é bem bonito e tranquilo. Eu contei 3 igrejas pequenas lá dentro, que devem ter relação com as três fontes que dão o nome à abadia. Segundo a história católica, as três fontes surgiram com São Paulo. Depois de degolado, sua cabeça rolou e bateu três vezes no chão e em cada um desses locais surgiu uma fonte. Confesso que só soube dessa história depois no Brasil quando minha sogra me contou e, por isso, no dia não fui atrás para saber aonde eram essas fontes, mas sei que são no local onde é a abadia.
Nos despedimos de Roma e partimos para Siena. Decidimos não ir pela auto-estrada e sim pegar um caminho que ia pela costa oeste, pois gostaríamos de conhecer o Mar Mediterrâneo. Paramos na cidadezinha costeira de Santa Marinella e ficamos alguns minutos na praia tirando algumas fotos. Estava frio, ventava e a areia era composta basicamente de pedras. Não era muito confortável. Bem diferente das praias de Floripa que estamos acostumados, mas valeu a pena ter parado ali e lavado as mãos na água gelada desse mar famoso.
Aproveitamos que já estávamos ali e almoçamos no Ristorante La Rotonda. É um local um pouco peculiar, pois é um restaurante oriental de frente pro mar e também com opções de comida italiana, pra agradar a todos. No fim foi uma boa pedida, a comida era boa (comemos comida oriental pra não fazer desfeita pra família dona do local).
Pegamos mais 200 km de estrada até Siena, cidade medieval que fica na região da Toscana. Ficamos hospedados no Hotel Moderno, que fica fora das muralhas da cidade, mas praticamente colado nelas. Fizemos o check-in e já saímos para passear. Na frente do hotel há uma grande subida de escadas rolantes, umas 5 escadas no total, que desembocam na parte dos fundos da Basílica de São Francisco.
Não é possível tirar fotos dentro da basílica, mas lá existe uma hóstia, que não está exposta, mas que dizem que ela sangra sozinha.
Visitamos a igreja e continuamos a caminhar pelas ruas estreitas, sem calçadas e sinuosas da cidade. De vez em quando os prédios que limitavam as ruas decidiam se encontrar a alguns andares de altura. Achei bem inusitado tantas ligações entre prédios cruzando as ruas pelo alto.
Passamos pela praça central da cidade, a Piazza del Campo e fomos caminhando até o Duomo de Siena, a catedral da cidade e que lembra a catedral de Milão, apesar de muito menor. Ela já estava fechada para visitação, infelizmente.
Depois de comprar alguns souvenires, rumamos para o bar La Diana, que tem diversas torneiras de cervejas próprias e convidadas e boa opção de comidas. Eu mesmo comi um gnocchi ao molho de gorgonzola com sementes de papoula que estava sensacional!
Ficamos algumas horas ali experimentando as cervejas e curtindo o ambiente. A decoração é bonita e chamativa e parece que alguns dias tem até banda tocando por lá.
Voltamos para o hotel pensando em encerrar o dia, mas ainda deu tempo de beber a Orval e a Tre Fontane compradas mais cedo. Dormimos bem essa noite.
No dia seguinte saímos cedo e pegamos a estrada novamente, dessa vez 400 km até Milão. Foram mais de 4h de estrada até o Hotel Da Vinci.
Esse hotel fica fora da cidade e é muito bom. Tem restaurante no local e foi uma boa estadia para descansarmos de tanta estrada. Não daria para passear de qualquer forma.
No dia seguinte era a vez de devolver o carro no aeroporto e enfrentar a viagem de volta para casa. Deu tudo certo com o retorno do carro, mas tivemos que deixar ele na locadora às 10h da manhã e nosso primeiro voo era só de tarde.
Tentamos fazer check-in, mas o atendente pediu para voltarmos às 13h, pois ainda era muito cedo e ele tentaria nos colocar num voo antes para Roma, pois esses são de hora em hora.
Voltamos lá às 13h e aí começou o drama. Ele nos informou que nosso voo para o Rio de Janeiro havia sido cancelado há semanas atrás e perguntou se eu havia recebido o e-mail da Alitalia sobre isso. Não tinha. Confesso que não esperava por essa e começamos a sentir a pressão. O atendente digitava no computador dele e nada de notícia boa. Eu só explicava que não me importava de não ir para o Rio aquele dia, que nosso destino final era Florianópolis, mas que não tinha condições de passar mais uma noite na cidade. Além do mais, nossas passagens do Galeão para Floripa haviam sido compradas separadamente das passagens internacionais e isso era um grande problema, pois perderíamos nosso voo.
O funcionário da Alitalia entendeu nosso drama e fez de tudo para nos ajudar……. e conseguiu! Ele nos mudou para um voo para Guarulhos e emitiu inclusive o trecho Guarulhos-Florianópolis. Foi a nossa salvação, porque eu já estava até pensando em ter que fazer esse último trecho de ônibus. No fim deu tudo certo.
Depois do trecho Milão-Roma e de um voo tão desconfortável para Guarulhos quanto o da ida, ou até mais, pois o cansaço era muito maior, chegamos no Brasil. Passamos pela alfândega, não compramos nada no Duty-free e logo estávamos voando novamente e chegando na ilha de Nossa Senhora do Desterro, a famosa Florianópolis.
É isso, mais uma viagem terminou, mas as experiências sempre voltam conosco. Viajar é muito bom e eu recomendo mais do que qualquer coisa. Não precisa ser pra longe, pode ser pra uma cidade vizinha ou um outro estado. Conhecer outras culturas e formas de viver é uma grande forma de se tornar uma pessoa melhor e mais tolerante.
Agora é planejar a próxima viagem. Pra onde será?
Até a próxima temporada do Turista Sofre!
Bem bacana pelo jeito a Tre Fontane, Daniel. Essa taça completou alguma coleção? E será que a cerveja é feita com a água das três cabeçadas de São Paulo?
Se você que mora em Floripa, achou gelada a água do Mediterrâneo é porque deveria estar gelada mesmo. E nenhuma viagem é completa sem algum drama no aeroporto, né? Quando voltamos de Roma para o Brasil, perguntamos para a atendente se poderíamos escolher os lugares pois não havíamos feito isso no check-in pela internet. Ela fez uma cara de desentendida e já foi nos passando o cartão de embarque. Ficou por isso mesmo, mas entrei no avião bravo. Lá dentro descobri que tinham nos dado upgrade para a executiva. Esse foi um drama bom 🙂
Bela série Daniel, obrigado por ter contribuído com o site. Espero tua próxima viagem!
Grande Daniel
Muito bacana o relato sobre a Tre Fontane, não sabia da história da origem das tres fontes.
Cheguei a provar a tripel deles aqui, achei bem gostosa.
E ainda bem que deu tudo certo na volta…. essas dores de cabeça no retorno de viagem são a ultima coisa que a gente espera ou precisa…. rsrsrs
Abç
Guzzon
Fala Guzzon!
Pois é, pena que eu não sabia dessa história antes de ir lá, porque teria ido atrás nas três fontes. Mas fica aí pra quem um dia for lá visitar.
Olha, vou dizer que esse perrengue da volta foi meio tenso. E disso eu tirei que nunca mais compro trechos separados. Mesmo que fique um pouco mais caro na hora, pelo menos está tudo atrelado. Sem falar que a bagagem no trecho nacional, se comprar separado, é apenas uma de 19 kg por pessoa e se tivesse comprado junto seriam 2 de 32 kg. Tivemos que pensar bem antes de comprar algo pra trazer pra cá hehe
Abraço!