Hoje vamos tomar o melhor sorvete da vida em Treviso e cair nas armadilhas de Veneza
Semana passada começamos a viagem visitando Milão, Basano del Grappa e terminamos o dia 3o dia da viagem tomando vinho em Cavaso del Tomba. Na manhã seguinte, sábado, 18 de março, nos despedimos de Cavaso e rumamos para Veneza. Mas tínhamos alguns lugares para visitar no caminho, pois o check-in no hotel só era à tarde.
- Vedelago
A primeira parada foi a cidadezinha de Vedelago. Segundo as pesquisas, o “Cavasin” do nome da Taíse veio de Cavaso del Tomba, mas o bisavô imigrante na verdade veio de Vedelago. Fomos visitar o local e paramos na praça central da cidade. Há uma igreja bonita, com o interior bem decorado e no pátio à frente acontecia uma feira.
Haviam diversos caminhões estilo food-truck vendendo queijos, carnes, massas e vinhos. Outros tantos vendendo roupas muito baratas. Chegou a um ponto em que uma mulher de um desses caminhões perguntar de longe pra mim o que eu estava fazendo tirando foto de tudo. Gritei “turisti!” pra ela e tudo certo. Quer dizer, uma outra continuou desconfiada. Disseram que acharam que fôssemos polícia. Mais um caso de uma cidade que não está acostumada a ver turistas.
Na entrada de Vedelago vimos placas de um cemitério. Então ao irmos embora acabamos parando nele para ver se achávamos algum antepassado da Taíse. Encontramos diversos sobrenomes comuns no Brasil, mas nenhum Cavasin.
- Treviso
Ainda estava muito cedo para irmos para Veneza, então decidimos passar na cidade de Treviso, que ficava no caminho. Gostamos muito da cidade. Treviso tem em torno de 85 mil habitantes. É pequena, mas bem charmosa e bonita. Uma curiosidade é que em SC também existe uma cidade com o mesmo nome.
Na praça central, como de costume, fica a grande igreja. Não entramos nela, mas reparamos muita gente sentada nas escadas comendo algo para almoçar. Aproveitamos a deixa e sentamos em um café de frente para a praça e comemos paninis com espresso. Em ambos os lados do café haviam sorveterias. Perguntei pra garçonete qual a melhor e ela indicou a LaRomana – descobri agora pesquisando para o post que essa sorveteria é uma rede e possui diversas lojas pela Itália, Espanha, Áustria e Alemanha.
Os copinhos menores de gelatto geralmente te dão duas bolas de sorvete de sabores diferentes. Eu peguei de chocolate com noz (esqueci o nome) e de “Crema dal 1947”, enquanto a Taíse pegou o “Biscotto della Nonna” – creme com biscoito – e “Mirtillo Nero, Sambuco e Limone”. Sensacional! Todos estavam simplesmente excelentes, mas o “Crema dal 1947” por enquanto é o melhor sorvete que já tomei na vida! Era um sabor e uma cremosidade indescritíveis.
Saboreamos nossos sorvetes no caminho de volta pro carro e partimos para Veneza.
- Veneza – it’s a trap!
Decidi não seguir a indicação do GPS de pegar a auto-estrada, pois percebi que havia uma estrada provincial praticamente em linha reta até o hotel.
As estradas provinciais não são pedagiadas e passam no meio de cidadezinhas. Demora mais, mas é mais bonito. As auto-estradas muitas vezes são fechadas dos lados com paineis e a vista fica bem prejudicada.
Reservei o Hotel Airmotel que, apesar do nome, era um hotel bem organizado e razoavelmente bom. Não foi o melhor que ficamos, pois a decoração e a impressão que ele nos deu foi de ser um lugar mais impessoal, do tipo durma e caia fora. De qualquer modo ficamos bem hospedados.
Este hotel fica na cidade de Mestre, que é a última cidade – ou bairro, não sei – antes das ilhas de Veneza. Nela os hotéis são mais baratos e você consegue chegar tranquilamente de carro. Neste nosso o estacionamento era grátis.
Na recepção a atendente nos deu todas as informações para irmos à Veneza de transporte público. Explicou as diferenças nos tickets, os tickets para o vaporetto (o transporte marítimo), etc. Ela mesmo tinha uma impressora de tickets. Optei por comprar os simples, pois não planejava me deslocar de vaporetto e, segundo minhas contas, não valia a pena pegar um mais caro de uso ilimitado de ônibus.
O ponto de ônibus era pertinho do hotel. Ele para numa pequena estação em Mestre aonde você precisa fazer a troca para outro que leva a Piazzale Roma em Veneza.
Foi o que fizemos e, finalmente, chegamos à Veneza!
Andar a pé por Veneza é algo diferente. Ruas pequenas e apertadas, muitas igrejas e muitas pontes ligando os canais. Existem táxis marinhos também, mas recomendo gastar um pouco da sola do sapato conhecendo a cidade.
Neste primeiro dia, como chegamos na metade da tarde, não conseguimos ver muita coisa, mas passamos por alguns pontos turísticos. Vimos as primeiras gôndolas e paramos na Birreria Zanon. Nela bebemos as cervejas “alla spina” da Poretti (4 Lupolli, 7 Lupolli e 10 Lupolli) e uma Carlsberg Elephant. Segundo o Untappd, os estilos delas são Pale Lager, Spiced/Herb, ‘Other’ e Imperial Pilsner, respectivamente. Nenhuma sensacional, mas mataram a sede.
No caminho de volta a bexiga começou a apertar e nos vimos sem escolha se não jantar em um dos restaurantes da ilha principal. Claramente, um daqueles “pega turistas”. Caro e ruim. Minha lasanha estava fria por dentro e o espaguete da Taíse muito seco. Eis o motivo do “it’s a trap!”. Veneza vive do turismo e não tem lugar para escapar. Mas nem tudo é ruim nesse sentido, no dia seguinte fomos recompensados.
Na manhã seguinte, domingo, voltamos para Veneza para caminhar mais um pouco. Passamos pela famosa Ponte de Rialto, que é a maior e mais famosa ponte que atravessa o grande canal. Chegamos até a Praça de São Marcos, aonde fica a enorme e impressionante catedral de mesmo nome. A foto de capa do post é um detalhe da fachada dela. É algo realmente diferente de se ver e uma igreja muito bonita. Os prédios em volta também valorizam o local e do outro lado do canal dá para ver outras igrejas e prédios antigos. É possível pegar o barco ali para visitá-los, mas preferimos não fazer isso.
Sentamos em alguns degraus e sacamos nossos sanduíches da mochila. Na noite anterior passamos no supermercado pertinho do hotel (um Lidl) e compramos pão, queijo gorgonzola com marscarpone e presunto cru. Dois mega sanduíches que deram um banho na janta do dia anterior. Isso regado ao som da bandinha que tocava no restaurante ao lado alguns temas italianos e até Garota de Ipanema. Inclusive testemunhamos um pedido de casamento em uma das mesas. Alguns turistas em volta pararam para bater foto.
Decidimos começar o caminho de volta então fazer o famoso passeio de gôndola. O preço é tabelado: 80 euros pelo passeio de 30/40min. Dá para dividir a gôndola com mais pessoas, mas não é a mesma graça.
O gondoleiro leva o barquinho pelos estreitos canais tirando fino de paredes e de outras gôndolas. Eles se apoiam nos prédios, poem os pés nas paredes para empurrar a gôndola e no fim dá tudo certo. Demos uma passada no grande canal e pudemos ver de frente novamente a Ponte de Rialto, ainda mais bonita de dentro da canoa. Foi bem divertido e relaxante. O único defeito foi o cheiro em alguns locais dos canais, mas acho que era porque a maré parecia estar um pouco mais baixa. Recomendo fazer esse passeio pelo menos uma vez pra ver como é.
Pra não perder o costume, depois do passeio fomos beber umas cervejas na Birraria La Corte. Este restaurante/cervejaria fica na praça Campo San Polo e é um local bem legal e bonito. Não comemos nada, sentamos em uma das mesas do bar e pedimos algumas cervejas. Bradipongo IPA, RentOn stout e FalkenTurm Bock, cervejas que eu nunca tinha ouvido falar e que impressionaram. O local fecha às 15h para abrir novamente para o jantar, mais tarde. O cara do bar foi gente boa e nos deixou beber tranquilos, só percebi que estávamos atrapalhando, pois não havia ninguém mais no local, só nós dois e ele e já eram 15:40.
No caminho de volta para o ônibus encontramos uma loja da Bialetti, a famosa marca de cafeteiras. Nossa french press vagabunda havia quebrado uns meses antes e entramos para ver os preços. Tudo com etiqueta de promoção, mas será que valia a pena ou era pra turista ver? Eis que enquanto conversávamos apareceu um turista brasileiro, vidrado em café e nas cafeteiras da loja e que nos disse que o preço estava realmente ótimo, que se ele já não tivesse tantas em casa levaria mais uma. Ficamos um tempo conversando com esse baiano que morou na Itália e hoje está na Escócia. Cara gente boa, mas acabei não pegando o nome dele. Ah! e a cafeteira custou 13 euros – está uns 170 reais no Mercado Livre. Realmente valeu a pena e me senti recompensado pelo jantar do dia anterior.
Passamos no mercado antes de ir para o hotel passar nossa última noite em Veneza. Recomendo a visita à cidade, mesmo sendo um dos lugares mais cheios de gente que visitamos, cheio de armadilhas de turista.
No dia seguinte, segunda-feira, seguimos viagem para Bolonha. Semana que vem eu conto como foi.
Salute!
Daniel Ferreira de Córdova
Daniel,
Muito legal o relato. E estes restaurantes para turistas é algo bem comum, inclusive em polos turísticos aqui no Brasil mesmo…
E pena que você não pegou o período do carnaval de Veneza, quem vai diz que é uma festa muito legal e bem diferentes dos outros carnavais.
Abç
Guzzon
Grande Guzzon!
Deve ser interessante o carnaval deles, apesar de eu não ser muito de festas grandes assim =P
Mas tinha muita máscara pra vender em diversos lugares, uma mais diferente da outra e várias bem clássicas.
Abraço!
Demorei pra conseguir ler, Daniel.
Na procura pelos Cavasin em Vedelago, vocês deveriam ter feito como nos filmes, entrado em uma cabine telefônica e arrancado a respectiva página da lista telefônica 😀 Mas a ideia do cemitério foi boa também.
Uma coisa boa na Itália e as sorveterias estarem abertas em qualquer época. Pra mim sorvete é como cerveja escura, não tem estação ou temperatura para saborear.
Essas Poretti, dá pra perceber marcantes diferenças nas variações de lúpulos?
É, no “It’s a trap”, os restaurantes para turistas são clássicos.
Já ouvi que ficar hospedado nas redodenzas de Veneza é a melhor opção mesmo. Valeu a pena a escolha, Daniel?
Abração. Estou curioso pra ler sobre Bolonha (e seus molhos famosos!)!
Fala, Anselmo!
É verdade, acho que a parada da lista telefônica teria tido mais sucesso hehe
Não deu pra sentir muita diferença nas Poretti. Elas falam que tem diversos lúpulos, mas não são mega lupuladas, são bem dentro dos seus estilos.
Valeu a pena ficar hospedado em Mestre, sim. Economizamos muito com estacionamento e ficamos pertinho da rodovia pra irmos embora depois.
Já já sai o de Bolonha =)
Valeu!