Alan D. Eames (1947-2007), antropólogo, é conhecido como o Indiana Jones da Cerveja e se a coluna de nerdices quer continuar falando sobre história da cerveja, precisa primeiro apresentar aquele que dedicou a vida para a origem e importância da bebida.
Só para esclarecer, no título fiz a brincadeira do India ao invés do Indiana para fazer uma alusão ao estilo de cerveja IPA (India Pale Ale). O que acontece com frequência são pessoas que chamam o estilo de “Indian” Pale Ale, o que é errado pois a palavra correta é sem o “N” no final, #ficaadica. Não há uma regra gramatical que diga sobre o uso da terminação em N mas o sentido acabada sendo um pouco diferente e para ficar legal (e livre de um suposto erro, rs) o título foi adaptado!
Junto com professor Solomon Katz, da Universidade de Pensilvânia, Eames formalizou a teoria que a cerveja foi mais fundamental que o Pão para a criação e estabelecimento da sociedade civilizada. Teoria essa que podemos ver sendo explorada no documentário Como a Cerveja Salvou o Mundo (How Beer Saved the World, assista no Youtube) da Discovery Chanel, que por sua vez é muito engraçado e de certo modo exagerado mas deve ser assistido por todos.
No âmbito do estudo da antropologia cervejeira ou Zitologia (estudo da cerveja), Eames viajou por 44 países em busca da história e importância da cerveja no passado dos locais visitados. No Egito encontrou hieróglifos sobre a cerveja e passando pelo Rio Amazonas encontrou indícios de uma cerveja feito com bagas.
Eames também encontrou na Mesopotâmia, o que ele considerou como sendo a publicidade mais antiga sobre cerveja, uma Estela (tábuas de pedra) que continham uma mulher sem cabeça, com voluptuosos seios e segurando dois cálices de cerveja, datado de 4000 a.C.
Ele dizia que o slogan da pedra deveria ser: “Beba Elba, a cerveja com coração de leão”. Eames também considerou que para as sociedades antigas a cerveja tenha sido um presente de uma Deusa e não um Deus, como Ama-Gestin e Ninkasis.
Durante a vida, Eames, começou com uma loja para vender cerveja, obteve sua própria cervejaria, fundou o museu Americano de História Cervejeira e Belas Artes (American Museum of Brewing History and Fine Arts), escreveu 7 livros sobre cerveja e contribuiu para a Enciclopédia da Cerveja (The Encyclopedia of Beer).
Eames, no Brasil, estava em busca de uma cerveja escura feita com grãos e mandioca, pelos índios da região do Amazonas, datada em um documento de 1557. O resultado desta empreitada foi a vontade e realização de fazer uma cerveja escura com essa base, que em 1987 na Cervejaria Caçadorense em Caçador / SC, deu origem a cerveja Xingu.
A ideia da produção foi para suprir o mercado americano que estava estagnado em suas Lagers sem graça e assim em 1986 Eames criou a Xingu Black Beer nos EUA. Um ano depois de iniciar a produção a cerveja foi primeiramente lançado fora do Brasil, onde ainda hoje mantem uma boa participação. O interessante é que a Xingu demorou para ter uma aceitação aqui no Brasil, enquanto isso fazia sucesso nos EUA e por lá ganhou prêmios.
Durante sua viagem à América do Sul, Eames também pesquisou sobre uma cerveja que era feita com grãos mastigados, por virgens, para germinar e depois cuspidas para fermentar. A história desta cerveja feita no Peru pode ser vista também no programa Mestres Cervejeiros (Brew Masters), com Sam Calagione da Dogfish Head, no episódio Chicha.
Eames, que se autodenominou como sendo “The Beer King” (o Rei da Cerveja), mostrou que não é só de cerveja que um homem sobrevive e por isso por várias ocasiões teve que trabalhar como balconista ou até mesmo embalando cervejas numa fábrica Vietnamita.
Agora se você acha que o Luquita ficou doido e confundiu os Indianas, não se preocupe, pois numa próxima oportunidade irei falar sobre o Arqueólogo Biomolecular Patrick Edward McGovern, conhecido como o Indiana Jones das antigas Ales, Vinhos e bebidas extremas.
A diferença entre essas duas personalidades está em seu ramo de estudo, enquanto Eames vasculhava e desvendava a história, Patrick estudava e comprovava as descobertas. Porém ambos tem sua importância para tudo o que sabem hoje sobre a origem da cerveja.
Fontes: Larousse da Cerveja, TCC da Puc-Rio, Artigos da The New York Times e The Guardian
OI! ESTOU PESQUISANDO SOBRE O ASSUNTO E ADORARIA FALAR SOBRE COM VOCE. SERIA POSSÍVEL? ABRAÇOS, CRIS (CRISTIANE.G.OLIVEIRA@GMAIL.COM)
Excelente texto, Luquita!
Interessante e bem escrito.
Não conhecia essa história da Xingu.
Muito bom!
Rica, com ctz essa é a parte mais impressionante e pelo que conhecemos da Xingu hj nunca iria pensar nela como uma cerveja de qualidade elevada.
Excelente Lukita! Mas será que dava pra chamar de cerveja todas as bebidas que o Eames descobriu? Imagino que alguns fossem fermentados de tudo quanto é coisa. Agora, virgens que “mastigam grãos” talvez não sejam tão virgens assim :D.
As virgens são mais para crianças conforme li em outro lugar mas da um ar mais espirituoso assim hahaha.
Bom pelo que sabemos, o que antigamente era fermentado e continha grãos era considerado pão líquido. Por tanto podemos dizer que basicamente tudo que ele deve ter ido atrás foi algo da origem de cerveja.
Matéria muito bacana hein… Lukita é cultura pura!
Tenho que manter o nível da coluna rs…
Ótimo artigo.
Mas a pergunta é: tu fala IPA ou Ai Pi Ei? rsrs
Difícil mesmo seria fazer a cerveja com grãos mastigados por virgens… quase num acha hoje em dia xD
E assistirei o documentário assim que puder.
As virgens o pessoal até já descartou mas a cerveja ainda existe!
E eu falo Ai Pi Ei… assim como Ai I Pim hahaha… mentira, é mandiaco!
Luquita, mandou muito bem no artigo!
Eu assisti o documentário “Como a cerveja salvou o mundo” e é muito bom. E não acha exagerado… acho que a cerveja salvou o mundo mesmo… rsrs
Abç
Guzzon
Pelo menos para nós a cerveja salvou o mundo Guzzon, hahaha!