O Alex é um ouvinte do Beercast que escreveu perguntando se a gente toparia publicar seu texto sobre a recente viagem, com vertente cervejeira, que fez até Londres. Prontamente respondemos, mas é “claro que sim, manda aí que se for legal colocaremos no ar”. Ele mandou, o texto é bem bacana e aí está para vocês lerem e aproveitarem as dicas.
Uma das coisas que ouvi de alguns amigos quando disse que iria passear em Londres foi: “depois conta pra gente o que achou das horríveis cervejas quentes e sem gás”.
Bom, de cara eu já posso responder: as cervejas não são quentes, não são sem gás e, mais importante, não são horríveis, muito pelo contrário.
Sim, um pint de ale é servido na temperatura em que sai do barril, sem uso de qualquer procedimento para refrigerá-la; mas isso não torna a cerveja “quente” (e arriscaria a dizer que nem torna ela “morna)”, considero que “fresca” é um adjetivo mais adequado. A vantagem da cerveja ser servida nessa temperatura é a facilidade com que os aromas e sabores se desprendem e inundam nossos olfato e paladar.
A cerveja também não é totalmente “sem gás”; a extração é feita por bombeamento manual, com uma técnica bem interessante de se presenciar, e o pint chega a suas mãos com um nível baixo de carbonatação, mas é o suficiente para providenciar uma leve sensação prazerosa enquanto o líquido deslisa pela língua e desce pela garganta.
E, talvez por sorte, todas as ales que experimentei estavam ótimas; eram cervejas aromáticas, saborosas, leves e que sempre deixavam a vontade de beber mais um pint.
Eu cheguei em Londres com um objetivo cervejeiro simples, visitar alguns pubs e beber apenas as denominadas “real ales”. E para isso eu fiz questão de visitar o site da CAMRA (Campaign for Real Ale) durante a fase de planejamento da minha viagem, a fim de ter em mãos algumas opções de pubs bacanas.
Logo no dia de chegada em Londres fui ao pub mais próximo do hotel em que estava hospedado (na região de Earl’s Court), o The Prince of Teck, e nele resolvi não inventar demais e pedi um pint do “orgulho londrino”, a famosa London Pride, da cervejaria Fuller’s. Claro, já a havia tomado em garrafa aqui no Brasil, mas nada se compara a experimentá-la direto do barril com bombeamento manual; parece outra cerveja! Infelizmente, dada a distância, sei que aqui nunca terei a oportunidade de beber essa clássica ale tão fresca quanto lá.
Já em outra noite, escolhi outro pub também na região de Earl’s Court, o Earl’s Court Tavern. Me dirigi ao balcão e, num inglês horrível mas entendível, pedi uma ale local. Eis que recebo em mãos a ótima 1730 Special Pale Ale, uma cerveja leve, refrescante e que acompanhou muito bem um tradicional Fish and Chips.
Ao bater perna pela simpática região de Notting Hill, já um pouco cansado por ter andado um bocado, dei de cara com um charmoso pub chamado The Ladbroke Arms. Novamente exercitei meu inglês meia boca e perguntei o que tinha de mais fresco on tap. Fiquei surpreso ao receber um pint de uma American Pale Ale da Portobello Brewery, não imaginava que encontraria um estilo americano nas terras da rainha. Essa ale é deliciosa, amarga na medida certa e com aromas cítricos bem evidentes, características dos lúpulos americanos utilizados (cascade e summit para amargor, e citra, amarillo e summit para aroma).
Por fim, em mais um pub na região de Earl’s Court, o The Courtfield, primeiro fui forrar o estômago com um grande hambúrguer e um half pint de Guinness (não podia faltar), e novamente ficou clara a diferença de se “re-provar” (selo Gustavo Passi de trocadalho) uma cerveja já bem conhecida.
Depois fui ver o que mais o pessoal tinha nas torneiras. Acabei escolhendo uma Southwold Bitter, ótima representante de um clássico estilo inglês, que tem uma característica herbal bem marcante, resultado das doses do lúpulo fuggles na fase final de fervura e no dry-hopping.
É isso aí, galera. Espero que este texto sirva de dica para quem for visitar Londres e queira provar algumas real ales do jeito que elas devem ser tomadas, frescas, pouco carbonatadas e extraídas por bombeamento manual.
Alex Rodrigues do Nacimento
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Muito bom Alex,
Pena que na data da publicação eu já estava na Inglaterra e não fiquei em Londres.
Fui participar em uma conferência em Brighton (1h de trem de Londres) e como foi pela empresa foi uma viagem relâmpago.
A única cervejaria que pude conhecer na Inglaterra foi a North Laine, que é uma microcervejaria e PUB que fica na cidade. O lugar é bem legal, com a possibilidade de visita às instalações e ótimas cervejas, todas bombeadas do cask ali na hora.
Foi interessante provar três de suas cervejas (a IPA bem refrescante, a Bitter bem bitter e a Stout). O problema é que os ingleses beberrões não gostam de servir 1/2 pint quando você está ali batendo papo no balcão e sair andando depois de três pints requer certa concentração.
Na próxima ida à terra da rainha, espero que com mais tempo, aproveitarei seu relato!
Abs
kkkkkkkk, realmente depois de 3 pints é complicado. Eu nem pude abusar muito na minha viagem, pois meu inglês é sofrível, o da minha esposa pior ainda, e após 1 pint já começava a ficar meio difícil me fazer entender.
Abs
Alex, muito legal o relato do passeio por Londres com foco em cerveja.
Eu gosto muito dos estilos ingleses, em particular as ESB e Porters. Ainda pretendo fazer um tour destes para provar as cervejas diretamente da fonte.
Abç
Guzzon
Um outro belo roteiro para se seguir, muito bom Alex.
Sobre essa história de cerveja quente e sem gás, primeiro é que as Cask Ale tem uma carbonatação mais baixa e segundo pq a muito tempo atrás as “Ale” inglesas eram uma bebida semelhante a cerveja mas de fato havia um tipo que era tomado mais quente e não tinha gás.
Abraços
Muito legal o texto,
Me deu vontade de conhecer Londres, e de beber uma cerveja(no brasil mesmo)!
Como que é coloca o gás no copo? Acho que vc nao detalhou muito, fiquei curioso…
abrços
João, o que acontece é o seguinte: a cerveja já tem uma certa carbonatação (bem baixa).
Na hora de servir, o/a barman/barwoman serve uns dois dedos de cerveja no copo, dá uma bombeada manual com a torneira enquanto serve mais um pouco, e finaliza enchendo o resto do pint.
Fala Alex!
Muito legal seu relato, gostei muito mesmo. Fiquei com mais vontade ainda de visitar Londres.
Fui uma vez lá em 2009 por um fim de semana, mas não deu pra visitar os pubs. E na época acho que eu não iria apreciar tanto quanto hoje.
Tenho muita curiosidade de provar uma Cask Ale, autenticamente britânica.
Cheers mate!
Valeu Daniel! Também estou curtindo bastante os seus posts. Nessa mesma viagem tb passei em Bruxelas e Amsterdã, o que só me deu mais vontade de voltar lá com mais tempo pra um dia fazer exatamente o que você fez nos mosteiros “trapezistas”.
O legal de Londres é que nem precisa procurar muito. Em algumas regiões da cidade literalmente existe um pub em cada esquina! O estranho é ver muitos londrinos bebendo pints de lager clarinha e aparentemente aguada, mesmo tendo tanta cask ale à disposição!
Abraço
Acho que em Curitiba tem um bar que serve Cask Ale, aqui em SP o EAP de vez em quando coloca o Cask dele pra funcionar.