Uma das características mais interessantes da cerveja é a sua versatilidade, possuindo tantas variedades de estilo e possuindo inúmeras variações no processos de fabricação. O que parecer ser algo estranho e a princípio se assemelhar com o Chope de Vinho (que não é cerveja), é na verdade uma das formas mais refinadas da produção da cerveja, se equivalente a um excelente Champanhe.
Chegou o último post do ano e em breve irei completar 1 ano de BeerCast Brasil e para comemorar nada melhor do que falar sobre as cervejas de champanhe, as Hors concours dos estilos de cerveja!
As Bière Brut (clique e ouça), nome “técnico” para as cervejas estilo champanhe, podem ser consideradas Hors Concours por dois motivos principais:
Primeiro elas são bastante raras no mundo, tendo como grandes representantes as da cervejas Bélgica e do Brasil, e segundo pelo preço fora da curva, até mesmo para padrões de países onde o valor das cervejas é bem mais em conta.
Porém o fator mais importante, que torna este estilo de cerveja tão especial, é o seu modo de produção. A briga pelo título de primeira representante do estilo no mercado fica entre a famosa “Deus Brut des Flandres“ da cervejaria Bosteels, tema do programa #52 do Beercast, e a cervejaria Malheur, que possui 3 versões de Brut. Como de costume, a verdade é incerta, sendo que a Bosteels reivindicou este status contra a Malheur com uma história pouco crível.
A cervejaria Malheur, por sua vez, desenvolveu sua Brut com o auxílio de Michael Jackson (o Beer Hunter e não o Pop Star). M.J. em uma visita a cervejaria Malheur, perguntou ao dono qual seria seu sonho de produção de cerveja e este respondeu que seria fazer uma cerveja como os champanhes na França.
A produção só não tinha sido desenvolvida anteriormente por medo de não haver consumidor para este estilo de cerveja. Graças a um amigo americano de M.J. este problema foi sanado, pois o mesmo comprou todo primeiro lote e o levou para os EUA, onde o amigo era conhecido por ser um entusiasta por cervejas e possuir um clube de apreciadores, tornando o estilo bem conhecido.
Os donos da Malheur passaram algum tempo estudando os processos de fabricação da champanhe para poderem adequar de a produção de cerveja. Por questões legais, de normas Europeias, a denominação não poderia ser de Champagne Beer (Cerveja de Champanhe) e por isso é conhecido como Cerveja “estilo champanhe” ou oficialmente de Bière Brut, onde o termo Brut se refere a secura ou doçura proporcionada pela bebida, também sendo usado por outras champanhes e vinhos frisantes.
Para se obter uma cerveja estilo champanhe é necessário se produzir uma cerveja base de forma tradicional, sendo que este estilo pode, usualmente, ser: Belgian Strong Golden Ale, Belgian Strong Dark Ale, Belgian Golden Ale, Tripel ou algum outro estilo Belga nesta linha.
Após a cerveja base estar pronta, ela sofrerá uma refermentação na garrafa, adicionado de leveduras para champanhe. Este método conhecido como Champenoise, consiste em se colocar as garrafas em uma posição levemente inclinada na horizontal e a cada 2 dias girar-las levemente, sendo esta etapa conhecido como rémuage (ouça). Após esta etapa a garrafa é colocada de forma invertida, isto é, o gargalo é colocado levemente inclinado para baixo para que assim toda a levedura se deposite ali, facilitando a remoção do mesmo. Após um breve período, toda levedura remanescente estará depositada na ponta da garrafa e então é aplicado a etapa do dégorgement (ouça). Neste processo uma parte do gargalo é congelado com a levedura e logo após retira se o mesmo (quebrando), eliminando por completo as partículas ali presentes. Ao final o líquido é engarrafado em sua embalagem final, normalmente recebendo uma ultima adição de açúcar para as leveduras ainda presentes e são rolhadas para seguir ao consumidor final.
Uma cerveja estilo champanhe possui todo um processo especial que justifica, em partes, seu custo mais elevado mas não é por isso que seu sabor é necessariamente o melhor de todos. Infelizmente estas cervejas ostentam a expectativa de ser a melhor cerveja da vida, podendo ser uma grande decepção para muitos apreciadores e principalmente para os leigos, que se deixam levar pelo alto valor.
Cada Bière Brut possui uma cerveja base diferente e própria, diferenciando se em muito no sabor e aroma. O perfil único pode agradar mais ou menos o consumidor, assim como acontece entre os estilos diferentes. É um mito achar que só pelo alto valor este estilo deva ser o mais delicioso mas sem dúvidas são cervejas bastante delicadas, únicas e semelhantes aos melhores champanhes.
Para quem quiser se aprofundar sobre o mundo das Bière Brut pode conferir um dossiê de 9 post no blog do O Cru e Maltado. O blog explora muito bem este estilo, partindo da sua história no Brasil e no mundo, aspectos econômicos, produção detalhada, chegando até a degustações e comparativos.
Atualmente podemos encontrar no Brasil as seguintes Brut: Deus Brut des Flandres, Eisenbahn Lust, Eisenbahn Lust Prestige, Malheur Bière Brut, Wäls Brut, Infinium e a inédita Morada Double Vienna Brut. Ainda da tempo de correr atrás de alguma garrafa e estourar (com muita dó) uma garrafa no Ano Novo.
Desejo a todos os leitores um Feliz Ano e ótimas cervejas em 2015!
Fala Luquita! Feliz ano novo!
Muito bom o texto. Bem informativo. Gostei bastante!
Abraço!
Muito bom o texto Luquita! Mas tu tá queimando nossa pauta de ano novo aí :D.
Em muitos lugares vemos também a nomeação como “Bière de Champagne”. Está incorreto?
Rs… na vdd é pauta óbvia, mas não sei se essa forma de escrita seria legal, acredito que não mas não vi fldo nd desta forma.
Aproveitando que estamos discutindo sobre cervejas “não tradicionais” (se é que escolhi um termo adequado), gostaria de entender as diferenças de produção e características das sours, lambics e geuses. Não sei se é um tema bom para sua coluna, mas fica aí uma ideia.
Flávio, é uma ideia legal e já tive esse papo com o Alexandre Marcussi do O Cru e o Maltado, se me lembro bem tem alguns posts falando sobre isso. Preciso ver com ele novamente e resumir rs.
Excelente post Luquita! Iria abrir a minha Double Vienna Brut no Natal, mas posterguei para a virada do ano. Vamos ver como é. Não sou tão fã do estilo, mas a curiosidade me fez comprar um exemplar da Morada e ter experimentado a Deus e a Delirium.
Flávio, boa pedida. Eu acredito que vou de Cidra / Cerveja mas se pudesse iria tomar a da Morada também, já ouvi vários comentários sobre a mesma. Ainda minha preferida é a Lust normal.
Grande Luquita!
Ótima pedido para o Ano Novo! Ao invez de estourar o clássico champagne vamos de Biere Brut!
E aqui no Beercast os colaboradores nem precisam combinar o jogo, o entrosamento já garante os posts alinhados… rsrsrs
Abç
Guzzon
Guzzon a equipe de apoio Beercast é foda, praticamente melhor que a galera principal rs!
O legal tb é que praticamente migramos o conteúdo Skynerd rs.