Turista sofre! Tour cervejeiro Bélgica/Holanda – Parte 8: Bruxelas, Delirium Café e Bosteels

Fala galera, ja falei que turista sofre?

Hoje vamos passar um fim de semana em Bruxelas, aprender que não se deve dirigir na cidade, vamos cancelar todos os planos, não iremos à Cantillon, mas nem tudo está perdido, conhecemos o Delirium Café e no final zeramos a vida mais uma vez na Bosteels.

Turistada em Bruxelas

Turistada em Bruxelas

Continuando o post anterior, saímos da Bierhalle sentido Bruxelas. Viajamos pelas auto estradas e aos poucos a cidade em volta foi crescendo, mais carros, mais movimento. Alguns túneis na cidade facilitam chegar no centro, mas não diminuem o movimento. Era sábado de manhã, frio e chuviscava. Chegamos na Boulevard Anspach, que é uma grande avenida no centro e localizamos nosso hotel, o Aparthotel Adagio Brussels Centre Monnaie. Esse hotel é parte da rede Accor e é muito bem localizado, no centro de Bruxelas. Os quartos são pequenos apartamentos, com cozinha equipada, fogão, forno, TV grande, escrivaninha… e aquelas camas de filme americano que dobram na parede. Quarto legal, bonito, só tenho elogios para fazer, tirando que tivemos que pedir para trocar de quarto porque o primeiro que nos deram era com 2 camas de solteiro e eu reservei uma de casal. Pagamos 62,40 euros a diária, com impostos inclusos. Eles não possuem estacionamento, então tivemos que deixar em um estacionamento público de 15 euros por dia.

Mas antes de estacionar e fazer check-in no hotel, decidimos colocar o endereço da Cantillon (Rue Gheude 56, Anderlecht) no mapa e tentar conhecer a famosa cervejaria. Muito, muito trânsito até lá. Fiquei realmente estressado de dirigir em Bruxelas e o pior foi quando chegamos na Cantillon, não havia lugar para estacionar e o local parecia fechado.

Só falta marcar a data!

Só falta marcar a data!

Decidimos voltar pro hotel. Depois de muitas e muitas voltas estávamos novamente na avenida Anspach procurando algum lugar para deixar o carro. Conseguimos finalmente achar um estacionamento na Gare de Bruxelles-Congrès (Station Congres), que fica à 1 km do hotel. Difícil descer as ladeiras de Bruxelas com calçadas e ruas de paralelepípedo carregando 3 malas grandes e uma mochila no meio de tantos turistas.

Complicado, mas enfrentamos o frio e o vento e chegamos no hotel. Descobrimos que existe outro estacionamento pertinho do hotel, mas agora era tarde. Depois de fazer check-in e ainda trocar de quarto pudemos finalmente descansar um pouco. Turista sofre!!!

Um tempo depois conseguimos nos animar e saímos para dar uma volta. Chegamos na famosa Grand Place e ali fiz o pedido oficial de casamento pra Taíse, que aceitou e agora passamos a ser noivos!!! Foi um momento muito especial, que ficará marcado na nossa história.

Maneken Pis

Maneken Pis

Saindo de lá fomos conhecer o Maneken Pis, que é uma estátua de um menino fazendo o número 1 e que está por tudo na cidade e lojas de souvenires. É bem decepcionante se esbarrar com centenas de turistas pra chegar lá e descobrir que ele deve ter uns 40 cm de altura. O Maneken Pis é bem pequeno! A sorte foi que naquele dia estava acontecendo alguma comemoração ou evento de algo local e vestiram o menino com uma roupa especial. De vez em quando eles o vestem com uma roupa diferente pelo que andei pesquisando.

Não estávamos no clima de andar muito, então comemos um waffle e passamos em um mercado. Compramos pão, presunto das Ardenas, queijo, patê de pepino e de salmão, aspargos e fomos para o hotel. Esse foi o nosso jantar e estava bom demais! Ainda mais acompanhado de uma DeuS para comemorar o noivado. Foi a primeira vez que provamos a mítica cerveja e aprovamos. Muito manjericão no aroma, carbonatação bem alta como um champagne, seca, muito boa!

Nesse beco fica a Delirium Village

Nesse beco fica a Delirium Village

No dia seguinte o tempo estava mais feio ainda. Muito vento, muita chuva, perfeito pra ficar dormindo e foi o que fizemos. Só nos animamos a sair no início da tarde e descobrimos que estava rolando um protesto na avenida na frente do hotel. Não entendemos o motivo e saímos em busca do elefante rosa.

Antes de chegar aonde queríamos, visitamos a Galeria da Rainha (Les Galeries Royales Saint-Hubert), famosa galeria coberta cheia de lojas de joias, chocolates e restaurantes. Muito bonita, vale a visita, ainda mais porque o Delirium Café é bem perto dali.

Dica: vá até a metade da galeria, onde ela cruza com uma rua estreita cheia de restaurantes. Entre ali, e alguns metros à direita estará a Delirium Village.

A Delirium Village é uma rua sem saída com diversos bares da marca: Delirium Taphouse, Little Delirium Café, Delirium Café, Delirium Café Hoppy Loft, Delirium Monasterium, Floris Garden, Floris Bar e Floris Tequila. O Taphouse é um bar só com cervejas On-Tap. O Hoppy Loft é um terraço em cima do Taphouse de cervejas lupuladas, mas estava fechado no dia que fomos. O Delirium Café é o mais famoso de todos por ter o recorde mundial de rótulos: 3162! Para mais informações sobre os outros bares, fica aqui o link.

Delirium Café

Delirium Café

Entramos naquele que achávamos que era o Café, mas depois de ver a pouca opção de cerveja no lugar (pouca comparado com o esperado de mais de 3 mil), começamos a achar estranho. De qualquer forma, tomamos uma cerveja on-tap cada (Campus Premium para mim e Viven Master IPA para a Tai).

Descobrimos que estávamos no Taphouse! O Delirium Café mesmo fica no subsolo do Taphouse. A planta é mais ou menos assim: Café no subsolo, Taphouse no térreo e Hoppy Loft no terraço.

Descemos a escada e chegamos em mais uma sucursal do éden! O Delirium Café é bem amplo, com decoração cervejeira por tudo, até no teto (cheio de bandejas de cerveja), um bar grande e movimentado e mesas, algumas feitas de barril. Conseguimos sentar numa dessas mas demoramos até conseguir pegar um cardápio.

O cardápio deles é uma atração à parte. Parece uma lista telefônica. Tem muita cerveja MESMO. Não tem como decidir o que beber, quero uma de cada! Está tudo à venda, inclusive o próprio cardápio, por 5 euros. Decidimos finalmente e para compensar não ter ido na Cantillon, pedi uma Bio Lambic deles, uma Lambic orgânica. A Tai começou com uma Paix-Dieu da Abbaye Cistercienne. Ambas estavam sensacionais! Depois dessas pedimos um salame especial para comer e fechamos a tarde com uma Brigand e uma Malheur 8.

Hambúrguer, enchiladas e Ommegang.

Hambúrguer, quesadillas e Ommegang.

Agora a fome bateu de verdade e na volta pro hotel descobrimos na frente dele um Chi-Chi’s, rede de restaurantes mexicanos. Pedi um hambúrguer e a Tai uma quesadilla e estavam bons demais! E ainda descobri no cardápio que tinha Ommegang Charles Quint – Keizer Karel, que acompanhou muito bem meu burguer.

O dia seguinte amanheceu com tempo melhor. Já era 2a feira e fomos tentar a sorte na Brouwerij Bosteels (Kerkstraat 96, Buggenhout), cervejaria que faz algumas das preferidas da molecada: Tripel Karmeliet, Pauwel Kwak e DeuS. A cervejaria fica na cidade de Buggenhout (30 km) e é praticamente no caminho entre Bruxelas e Antuérpia.

Não recomendo fazerem o que vou relatar a seguir. O melhor mesmo é mandar email (info@kwak.karmeliet.be) e agendar uma visita da forma correta. Mas eu havia esquecido de fazer isso e como não tinha loja nem nada na frente da fábrica, toquei o interfone. Expliquei que éramos brasileiros e viemos para conhecer a cervejaria, ou pelo menos só comprar um souvenir.

Logo veio alguém nos receber, mesmo sendo meio-dia. Ele nos explicou que deveríamos agendar a visita, mas que por sorte havia um grupo belga (da parte francesa) fazendo uma excursão e ele iria ver se poderíamos nos juntar a eles. Apareceu uma senhora, velhinha, e ficou a li por perto. O cara que estava nos atendendo logo voltou e pediu para irmos com ele. A senhorinha veio atrás. No caminho fomos apresentados rapidamente a um senhor já também de mais idade e seguimos pela fábrica.

Sala de refermentação de Tripel Karmeliet

Sala de refermentação de Tripel Karmeliet

Encontramos o grupo da excursão na hora em que estavam nas câmaras de refermentação da Tripel Karmeliet (trí-pôl kár-mê-lít e não tripél karmêliê). Mas não ficamos ali com eles. O grupo partiu para o final do tour e a senhorinha nos pegou pelo braço e nos levou para um tour particular. Passamos por partes em que o grupo não pode, pelo número de pessoas. A máquina de engarrafar (quantas Karmeliets passando por minuto ali!), os tanques de fermentação e chegamos nos tanques de brassagem. Conversamos com dois trabalhadores que explicaram o processo rapidamente e eu pude fazer umas perguntas mais específicas sobre o processo e a cerveja.

Explicando: o senhor de idade que nos apresentaram é Ivo Bosteels, dono da cervejaria. A senhorinha, sua esposa, Mariette Bosteels. E o homem que veio nos receber no portão da fábrica, o filho deles, Antoine Bosteels.

Um pato de Kwak!

Um pato de Kwak!

Dona Mariette nos tratou bem demais, muito simpática e atenciosa. Nos levou de volta ao grupo, que agora estava se preparando para provar a Kwak. A D.a Mariette sentou conosco e ao meu lado um belga de 65 anos muito gente boa com quem fiz amizade e dei muita risada (a esposa dele é que ficou braba de ter perdido a atenção dele).

Depois da Kwak, degustarmos a Karmeliet na pressão e fresquinha. Sensacional! O Seo Ivo estava lá na frente servindo de host junto com o funcionário que guiava a excursão e juntos abriram então uma DeuS com o sabre. Foi a primeira vez que vi fazerem isso ao vivo e logo com qual cerveja. Todos degustamos mais uma rodada de DeuS e logo a D.a Mariette voltou com 2 bonés da Tripel Karmeliet. Falou baixinho para mim e para a Tai que era um presente deles, mas que era pra falar que compramos senão a excursão iria ficar com ciúmes.

O evento terminou e após uma conversa rápida com Sr. Ivo, contei a ele que sou cervejeiro caseiro. Ele me deu um conselho que pretendo levar comigo para sempre: “Nunca desista! Nunca esteja satisfeito! Sempre tente melhorar.”

A Tai e eu com Sr. Ivo e Sra. Mariette Bosteels.

A Tai e eu com Sr. Ivo e Sra. Mariette Bosteels.

Fomos convidados pelo pessoal do grupo a ir com eles à Bruxelas para almoçar. Não pudemos aceitar, pois estávamos a caminho de Antwerpen (Antuérpia), que fica no sentido oposto.

Se não bastasse tudo de legal que já havia acontecido, a Dona Mariette ainda insistiu em nos pagar almoço. No caminho da saída da fábrica, ela acabou nos levando na casa deles, que fica junto da fábrica, e entramos num hall enorme cheio de quadros dos antepassados Bosteels, antigos donos e fundadores da cervejaria.

Ela então nos levou a um restaurante, mas a cozinha já havia fechado, pois já passava das 14h. Ainda assim conseguimos tomar uma sopa com pão deliciosa. Ela nos deixou lá comendo e voltou para seus afazeres.

Foi demais! Tudo muito surreal. Nunca imaginei que esse dia seria tão especial e que seríamos tão bem tratados, mesmo chegando sem agendar nada, de bicão. De tudo que aconteceu na viagem, como a visita à Westvleteren, ficar hospedado na Chimay, conhecer monges na La Trappe, esse dia foi o que mais gostei. Ali sim que zeramos a vida!

Obrigado a todos que leram até aqui. Esse foi o maior post até então, mas não queria deixar nenhum detalhe, especialmente da Bosteels, de fora.

Partimos para Antwerpen, mas continuo semana que vem.

Valeu!

Trajeto do dia

Trajeto do dia

Trajeto do dia

Cervejas relacionadas

No Aparthotel Adagio Brussels

  • DeuS Brut des Flandres (Belgian Strong Ale – Bière Brut)

No Delirium Taphouse

Cantillon

Cantillon

  • Huyghe Campus Premium (Pale Lager)
  • Viven Master IPA

No Delirium Café

  • Cantillon Bio Lambic
  • Abbaye Cistercienne Paix-Dieu (Tripel)
  • Brigand (Belgian Strong Ale)
  • Malheur 8 (Belgian Strong Ale)

No Chi-Chi’s Texmex

  • Ommegang Keizer Karel – Charles Quint (Belgian Strong Ale)

Na Brouwerij Bosteels

  • Kwak (Belgian Strong Ale)
  • Tripel Karmeliet
  • DeuS