Turista sofre! Tour cervejeiro Bélgica/Holanda – Parte 3: Rochefort e Orval

Fala galera, prontos pra mais um dia de viagem?

Hoje vamos comer waffles em Liège, na Bélgica, depois visitaremos os mosteiros trapistas da Rochefort e da Orval e vamos trair o movimento em Sedan, que fica na região de Champagne-Ardenne, França, então adivinhe o que bebemos.

Se você não leu a parte 1 (Amsterdam) e a parte 2 (La Trappe e Achel), corre lá que a gente segura o ônibus.

E, atendendo à pedidos, hoje o texto é maior. Espero que gostem!

Acordamos cedo em Liège e saímos para passear. Pra mim a melhor forma de conhecer uma cidade é andando à pé e se perdendo nela. Pesquisei alguns pontos turísticos para visitarmos e saímos pra caminhar.

Nota: A Bélgica é dividida, grosseiramente, em duas: a parte que fala holandês (flamengo) e a parte que fala francês. Na segunda, assim como na França, não é todo mundo que fala inglês, então prepare seu “merci”.

Capiroto

Capiroto

Passamos por uma praça bonita, mas meio seca (tinha recém terminado o inverno) e por um monumento em homenagem à resistência na 2a guerra.

Entramos na Catedral de Liège e é uma igreja muito bonita, com muitas imagens de santos, mas também uma estátua que me chamou atenção, a do “anjo caído”. Curto demais visitar igrejas. Cada uma tem uma história, um jeito, uma identidade. E mais bizarro ainda foi ver um grupo de mulheres rezando ave-maria em francês.

A fome bateu e decidimos comer o famoso Gaufre de Liège (ou waffle). Comprei um e pelo jeito era do dia anterior, porque estava queimado. Mais tarde compramos outro e esse estava bom! Foi o melhor de todos que comi na viagem. Fizeram jus ao nome.

Passeamos por um calçadão até chegar na praça central da cidade, onde tem a estação de ônibus, o palácio provincial, e outros prédios bem bonitos.

Depois de algumas fotos caminhamos de volta pro hotel, fechamos a conta, pegamos o carro e partimos pra Rochefort.

Passamos pela cidadezinha de Tilff e deu vontade de ficar por lá mesmo, ligar pra mãe e pedir pra enviar a mudança. Um lugar muito simpático, pequeninho e com um visual muito bonito do vale. Fica perto de Spa, que não visitamos mas dizem valer a pena a visita.

Cemitério americano da WWII.

Cemitério americano da WWII.

Mais à frente demos de cara com o cemitério americano da 2a guerra mundial. Eu já tinha lido algo a respeito da existência disso e a que região de Liège teve muitas batalhas na guerra, mas não tinha planejado ir ali. Foi uma boa surpresa temos encontrado o monumento.

Era um local imenso, muito bem cuidado e bonito se não fosse tão triste pensar que cada cruz e estrela foi uma pessoa que não voltou pra casa.

Tinha um prédio gigante de mármore que dá pra entrar e ler algumas coisas sobre a guerra nas paredes internas. Do lado de fora, em volta do “totem” gigante, tinha uma lista interminável com o nome de todos os soldados mortos, de onde vieram e à qual divisão pertenciam.

Continuamos a viagem por meio de estradas pequenas, muitas vezes rurais, mas com o asfalto que era um tapete (e as nossas estradas…), passando por cidadezinhas bucólicas, pequenas. Vale a pena sair das autoestradas e gastar umas horas a mais pra chegar!

Rochefort, me deixa entrar!!!

Rochefort, me deixa entrar!!!

Enfim chegamos na cidade de Rochefort e na Abadia de St. Remy. Novamente, não tinha visitação aqui, mas o cheirinho de malte cozinhando no ar era de matar. Chega a dar fome!

Infelizmente não tinha nem venda de souvenir nem nada, mas dava pra entrar na igrejinha deles e era o exato oposto da catedral de Liège. Nenhuma estátua, nenhuma imagem, nem tinta na parede. Tudo branco, simples e sem adorno, sem ostentação.

A cervejaria fica num prédio anexo e da rua da pra ver os engradados escrito Rochefort. Graças ao zoom da câmera consegui pegar um pouco do maquinário deles.

Maquinário cervejeiro da Rochefort.

Maquinário cervejeiro da Rochefort.

Aqui eu acho que posso ter dado uma vacilada. Não pesquisei direito antes de ir lá. Talvez tivesse alguma loja perto, ou mesmo desse pra agendar visita. Só sei que voltei pra casa sem a taça da Rochefort.

No agora longínquo Beercast 15 com o Maurício Beltramelli eles tomaram uma Rochefort 10. Já ouviu?

De volta pro carro, dirigimos para a Orval, que fica a 95 km de distância da Rochefort. Novamente passamos por estradas e cidades muito bonitas até chegar num lago, que tem a Abadia Notre-Dame d’Orval ao fundo. Aliás, além dos locais que visitamos serem muito bonitos, esse foi o dia em que o clima estava mais agradável. Tinha sol, céu azul e estava razoavelmente quente, muito bom pra passear.

Orval

Orval

Existe uma lenda sobre a Orval que, resumidamente, fala de uma nobre viúva que perdeu a aliança numa fonte, rezou muito e uma truta apareceu com o anel na boca. Então ela falou que aquele era realmente o Vale de Ouro (Val d’Or) e passou a ajudar o mosteiro financeiramente. O Beercast já fez um programa com essa cerveja. Confere lá.

A abadia consiste em uma pequena vila de pedra com 6 prédios, dentre eles a cervejaria.

Eles tem uma loja com artigos religiosos, queijos e artigos relacionados à cerveja, incluindo a desejada da garrafinha de pino de boliche. Também dá pra pagar para entrar e visitar alguns dos prédios e o pátio interno, mas não quisemos pagar pra isso. Preferimos gastar nosso pouco dinheirinho em cerveja mesmo.

Saí de lá com uma taça e um abridor de garrafas e a Tai comprou mais medalhas e presentes pra família.

Mais ou menos ali onde eu tirei aquela foto da Orval fica o restaurante À l’Ange Gardien, que, presumo eu, pertence aos monges. Ali comemos uma porção com 3 queijos trapistas da Orval diferentes (um jovem, um maturado e um com cerveja na composição) e eu tomei uma cerveja deles que segundo a garçonete só vende ali. É chamada Petit Orval, com 4,5% (a tradicional tem 6,2%) e mais suave que a “normal”. Gostei e deu pra matar a sede. A Tai, coitada, ficou no suco de tomate. Mas mais tarde ela foi recompensada, calma que já chego lá.

Na entrada da Orval; um pedacinho do maquinário de cerveja e uma estátua da truta com o anel.

Na entrada da Orval; um pedacinho do maquinário de cerveja; e uma estátua da truta com o anel (no restaurante).

Mais uma vez pegamos a estrada. Dessa vez iríamos cruzar mais uma fronteira, para a França. Ficamos hospedados no hotel Campanile em Sedan. Pagamos por volta e 60 euros sem café da manhã e o hotel possui estacionamento próprio grátis. Só é meio fora da cidade, mas tem mercado relativamente perto de carro.

Você traiu o movimento, velho!

Você traiu o movimento, velho!

E foi isso que fizemos. Procuramos o mercado mais perto, um Lidl, e compramos salmão defumado, aspargos, uma salada de batatas, pão e… CHAMPAGNE! Poxa, estávamos na região de champagne, precisávamos manter a tradição dos locais. Foi o dia da ostentação, mesmo tendo gastado relativamente pouco. Não fosse pelo champagne a compra sairia uns 10 euros, com ele ficou uns 30.

Aliás, essa não foi a única nem a primeira vez que tomamos champagne na viagem. No voo da ida, de Air France, eles serviram de aperitivo antes do jantar, mesmo na classe mega-animal.

Bom, esse foi mais um dia de viagem. No dia seguinte fomos para a Chimay e pro Auberge de Poteaupré, mas isso já é história pro próximo post.

Forte abraço pra quem leu até o fim!

Cerveja/champagne relacionadas:

Petit Orval e meu abridor de garrafas novo.

Petit Orval e meu abridor de garrafas novo.

No restaurante À l’Ange Gardien

– Petit Orval (belgian ale)

No hotel Campanile Sedan

– Champagne de Vallois Millésime 2008 (brut)

Trajeto do dia:

beercast trajeto dia