No post de hoje vamos conhecer Roma e o Vaticano, dois países divididos por um muro de dar inveja ao Trump.
Diário de bordo, quinta-feira, 23 de março de 2017.
Saímos de Florença pela manhã direto para Roma. Nosso hotel, o Bed Rooms Rome ficava bem perto dos muros do Vaticano. Na verdade não era um hotel e sim um B&B, mas o quarto era grande, o banheiro muito bom, só que o café da manhã deixava a desejar e o trem passava relativamente perto do prédio, então às vezes fazia um pouco de barulho. Nada que nos tenha tirado o sono.
Chegamos, deixamos as malas e já partimos para os Museus do Vaticano. Eu havia comprado os ingressos antecipadamente para evitar as filas, da mesma forma que fiz em Florença. Paguei 16 euros + 4 euros de taxa por pessoa e valeu a pena evitar o tumulto das filas. Nosso horário de entrada era 14:30. Chegamos um pouco antes disso, trocamos o voucher pelos ingressos e seguimos para a entrada.
Você pode seguir diversos caminhos lá dentro. Pegamos a rota mais curta para a Capela Sistina. Era muita gente, muitos grupos de turistas, principalmente orientais e de vez em quando ultrapassávamos um grupo desses, para ficarmos presos atrás do próximo mais a frente. No entanto vale a pena curtir com calma os longos corredores do museu. É uma obra de arte mais bonita que a outra. Afrescos no teto, mapas desenhados nas paredes. Tudo muito bonito, rico e antigo.
Ao chegar na Capela Sistina, temos que descer uma escada e lá já começam os avisos de que é proibido fotos. A capela é bem pequena. Não tem lugar pra sentar, só uns bancos junto às paredes. Tudo é pintado. Nas paredes pinturas de diversos artistas retratando passagens da bíblia, mas o que faz cair o queixo é o teto. Impressionante! Como que Michelangelo conseguiu pintar um teto inteiro daquela forma é algo que me pergunto sempre. A imagem que conhecemos da criação do homem é uma parte pequena de tudo que há ali pintado e que conta basicamente a versão bíblica da criação do universo, da terra, etc.
Dói o pescoço, mas é impossível não ficar minutos ou até horas olhando pra cima e admirando aquilo. De vez em quando algum guardinha fala no sistema de som que não é pra tirar foto e que é pra ficar em silêncio.
Depois de um tempo saímos da capela e passeamos pelos museus. São diversas salas e corredores com as mais diversas coisas expostas. Tem até fragmentos da Lua que os astronautas trouxeram na Apolo 11, presente do Richard Nixon e uma camiseta da seleção brasileira assinada pelo Pelé para o Papa Francisco. Ficamos algumas horas passeando e aproveitamos a praça de alimentação que há lá para fazer um lanche, já que não tínhamos almoçado.
Como estávamos cansados e não valia a pena irmos para o centro de Roma, pois logo ia escurecer, decidimos tentar entrar na Basílica de São Pedro.
O Vaticano é todo cercado de muros enormes, exceto na região da Praça de São Pedro, onde pequenas grades fazem o contorno da cidade-estado e há duas entradas da largura de portas. Para chegar lá a partir da entrada/saída dos Museus do Vaticano temos que andar por fora do muro até lá.
A essa hora, no fim da tarde, a fila já não estava muito grande e decidimos enfrentar. A entrada é de graça, mas todos devem passar por detectores de metal e as bolsas por um raio-x. Igual a um aeroporto. Em alguns lugares há placas mostrando o que não pode ser levado lá pra dentro. Canivetes estão inclusos na lista e eu estava com meu pequeno canivete suíço na mochila. Ele é simples, basicamente é um saca-rolhas, mas tem uma lâmina. Decidi apostar a sorte. Depois de 40min de fila, passei a mochila e o guarda perguntou se eu tinha uma faca nela. Tirei o canivete e ele mandou jogar no lixo. Recusei me desfazer do canivete, pois é original e paguei caro por ele, então fomos embora. Voltaríamos outro dia.
Passamos num Carrefour a algumas quadras do hotel, compramos queijos, pães, suco e vinho e voltamos para o quarto.
Se você pesquisar sobre Roma, vai ver que existe um ticket de transporte público chamado Roma Pass. Ele te dá acesso a algumas atrações e você pode pegar o transporte público à vontade. Fiz umas contas e com um bom planejamento dos lugares para visitar, só precisamos pegar ônibus de manhã e no fim do dia, gastando 3 euros por pessoa por dia em transporte. Pra nós não valia a pena e fiz bem em não ter comprado o Roma Pass, então é sempre bom fazer as contas e estar disposto a gastar um pouco de sola de sapato.
Na manhã seguinte pegamos dois ônibus e chegamos cedo na portaria do Palatino para trocar os vouchers, que eu havia comprado com antecedência, pelos ingressos para o Coliseu. Esses ingressos também dão direito a entrada no Fórum Romano e no Palatino, que ficam ao lado do Coliseu. Custaram 16 euros cada.
Entramos no Coliseu e de imediato bate um filme na cabeça. Como era o povo subindo aquelas escadas em dia de evento. Como era ficar naquelas arquibancadas que já não existem mais. Quanta história já se passou nesse lugar. Tiramos uma porção de fotos.
Aparentemente durante a construção da Basílica de São Pedro, durante um período que faltava dinheiro, um papa mandou tirar 3 mil pedras do Coliseu para construir a igreja. Por “sorte” esse papa não durou muito tempo e o seguinte mandou parar com esse sacrilégio.
Saímos do Coliseu e entramos no Fórum Romano. O Fórum é um lugar com muitas ruínas. Igrejas, templos, muita coisa de diversas épocas diferentes que haviam sido enterrada e depois de centenas de anos foram redescobertas. Dentro do mesmo “museu” dá pra subir o monte Palatino, uma das sete colinas de Roma. Antes de explorar o Forum decidimos começar pelo Palatino.
Subimos a colina de 70 m e passeamos por entre as ruínas antigas. Muitos prédios com antigas casas de banho, entre outras coisas. Sempre há placas explicando o que eram cada uma daquelas construções. De um dos pontos do monte dá para ver o Circo Máximo do outro lado da rua, que foi uma arena muito grande e antiga, aonde aconteciam as corridas de biga. Hoje é aberto ao público e pude perceber várias pessoas usando o local para caminhadas.
Voltamos ao Fórum Romano e passamos mais um bom tempo passeando por entre outras ruínas. Templos romanos para Castor e Pollux, para Júpiter e igrejas católicas hoje em ruínas. Muito interessante. Pra quem se interessa por história não tem passeio melhor.
Saímos do Forum por uma saída que dá de cara com o “Foro di Augusto” e o “Foro Traiano”. Se tiverem um pouco mais de tempo na cidade, acho que deve ser interessante visitar esses lugares.
Continuamos caminhando e chegamos na Piazza Venezia, aonde fica o Altare della Patria. Não sei bem a finalidade deste prédio, não pesquisei, mas é impressionante o tamanho dele, das colunas e as estátuas.
Continuamos o passeio e fomos no Open Baladin (foto de capa do post). O bar da Baladin em Roma e muito maior do que aquele de Bolonha, com mais de 25 torneiras, incluindo umas 3 de estilo inglês “cask ale”, aquelas que tem que bombar manualmente. Comemos hambúrgueres muito bons e bebemos muito bem. Aproveitei para comprar uma camiseta da Baladin e uma cerveja Lune 2012, uma barleywine de série especial.
O passeio continuou. Passamos na Fontana di Trevi, famosa fonte. Diversos turistas no local, mas tem bastante lugar pra sentar nas escadas. É agradável ficar um tempo ali.
Seguimos para o Pantheon. Um antigo templo romano, que hoje é igreja católica. Por dentro ele é circular e o teto é uma abóbada só, com entrada de luz no centro. No chão existe a marca do ponto exatamente no meio do prédio, para poder olhar para cima. Confesso que de todos os lugares que visitamos esse aqui me emocionou. Talvez por ser um templo romano tão bem conservado e eu me interessar tanto por mitologia grega e romana. Imaginei as estátuas dos deuses onde hoje estão as dos santos. Inclusive existe uma história de que a estátua de São Pedro que hoje está na Basílica de São Pedro era na verdade uma estátua de Júpiter que ficava no Pantheon.
Encerramos o dia com mais um jantar no quarto do hotel.
No dia seguinte tentamos novamente entrar na Basílica de São Pedro. A fila estava gigantesca. Passava um dos arcos e chegava até o seguinte. Desistimos e fomos dar uma volta. Acordamos um pouco mais tarde nesse dia, então já era quase a hora do almoço. Era um sábado, o tempo estava bom e a cidade estava cheia de turistas
Partimos para almoçar na L’Osteria di Birra del Borgo, um bar e restaurante da Birra del Borgo. Pelo menos é o que eu achei que fosse. Chegamos lá, entramos, tiramos umas fotos das ânforas de fermentação que há na entrada e então um homem veio falar conosco. Disse que o local estava fechado e que abria na segunda-feira. Achei bem estranho um restaurante fechado em pleno sábado na hora do almoço. Depois pesquisei no Facebook deles e vi que o local não tinha inaugurado ainda. Perdemos de ir lá por alguns dias. Se alguém for lá, volte aqui e me conte como foi!
Saímos meio indignados e encontramos um restaurante por perto. Comi um spaghetti alla carbonara, um molho típico romano, e tomei uma cerveja Peroni, que é bem mainstream e normal. Perto do restaurante vimos uma propaganda de uma loja de action figures chamada Star Shop. Fica na mesma quadra da L’Osteria da Birra del Borgo, dobrando a esquina. Fomos atrás dela. Muitas coisas legais pra quem coleciona, mas resisti a tentação e não comprei nada.
Visitamos a Piazza di Spagna, com a famosa escadaria e a Fontana della Barcaccia, uma fonte em formato de barco bem interessante.
Pensamos em tentar uma terceira vez na Basílica de São Pedro. Tomamos um gelatto chegando no local e fomos para a fila. Chegando lá fui abordado por um desses vendedores de rua, que vendem um pacote para entrar pela lateral da basílica, evitando a fila e com acesso a uma parte das catacumbas que não é normalmente disponível. Falei pra ele que não tinha interesse e ele insistiu dizendo que a basílica ia fechar e que eu não iria conseguir entrar. Respondi dizendo que ia arriscar e que se não desse, paciência. Ele ficou bravo e disse que eu iria perder meu tempo. Fiquei impressionado com a tática de venda dele, brigar com o cliente. Deve vender bem.
A fila já estava bem menor do que pela manhã, mas ainda bem maior do que na quinta-feira de tarde. Ficamos mais de 1h esperando, mas conseguimos entrar dessa vez. A igreja é gigante, muito alta, incrivelmente adornada em cada cantinho. Diversas estátuas de papas antigos, a estátua da Pietá de Michelangelo, o túmulo do papa João Paulo II, a estátua de São Pedro (tem que passar a mão no pé dele pra dar sorte, mas quando era a vez da Taíse o guardinha tirou ela de lá dizendo que o local ia fechar, pois ia ter missa).
Descemos para as catacumbas, aonde o restante dos papas que não estão no “térreo” da igreja estão enterrados. Dá até para ver através de um vidro aonde estão os restos de São Pedro. Lembrando que Pedro foi crucificado de cabeça pra baixo no local aonde hoje é a Praça de São Pedro e a Basílica.
Agora sim, pudemos fechar a viagem.
E pra comemorar fomos jantar no restaurante Goose, perto do hotel. Comemos uma pizza cada um, muito saborosas. Fomos dormir, pois no dia seguinte tínhamos que pegar a estrada.
Mas antes de viajar visitamos uma abadia trapista, a Tre Fontane, a única com cerveja de selo trapista na Itália.
No próximo post eu conto sobre essa visita e falo dessa parte final da viagem. Até lá.
Salute!
Daniel Ferreira de Córdova
E aí, Daniel? Bela viagem!
Fizemos esse percurso, Florença-Roma de trem e foi bem bonito. No Vaticano fomos mais espertos que na Accademia DellArte e compramos os ingressos no Brasil. Chegamos de manhã, demos a volta pelo percurso mais longo duas vezes e só fomos embora à noite. E claro, tomei bronca do guarda tentando tirar foto do teto da Sistina (achei que sem flash podia).
Acredito que demos sorte na Basílica de São Pedro. Planejamos chegar em Roma no último domingo do mês para poder ver o sermão do Papa na janela na praça. Como chegamos cedo ali, aproveitamos e entramos antes na Basílica sem nenhuma fila, já que havíamos sido revistados em um dos muitos RX (no domingo do Papa sempre tem vários). É a igreja mais impressionante que já conheci. Deu pra passear um bom tempo por lá e depois voltar pra ver o Francisco falar. Dias depois tentamos novamente, mas a fila deveria ter mais de um quilômetro e não andava de jeito nenhum. Desistimos do repeteco.
Coliseu, Fórum e Palatino também compramos tudo antes. Melhor coisa. O que deveríamos ter feito também era ter levado nosso próprio lanche, porque passamos quase o dia todo por lá e a única coisa que comemos foram algumas coisas que vendem naquelas máquinas de comida e suco. Tanto o Coliseu, o Fórum, como o Palatino achamos incríveis. Me decepcionei com o Circo Máximo, apenas dois barrancos gramados. Se não me engano o Altare della Patria é uma homenagem à unificação da Itália. Gostei também bastante do Open Baladin de Roma. Pena só ter hambúrguer, basicamente, pra comer. Estavam ótimos, mas esperava algo mais italiano.
Também entramos em uma loja de brinquedos e action figures e comprei uma miniatura da Millenium Falcon 🙂
Provei aqui no Brasil a Tre Frontane e gostei bastante, agora quero ver a sua opinião.
Fala Anselmo!
Muito legal o percurso de vocês. Realmente a Basílica de São Pedro é algo impressionante. Dá pra passar horas lá vendo os detalhes. E deve ser legal ver o Papa depois disso.
Também gostamos muito do Coliseu, Palatino e Fórum, mas não ficamos o dia todo como vocês, porque nosso tempo era menor e tínhamos mais coisas pra visitar.
A Tre Fontane dei 4,5 estrelas pra ela no Untappd. Gostei bastante.
Ah! e só não comprei nada nessa loja de action figures porque em Milão eu já tinha comprado um sino do Cthulhu numa outra loja hehe
Abraço!