Turista Sofre s02e03: Bolonha e Florença

Hoje vamos comer qualquer coisa à bolonhesa em Bolonha e ver muitas estátuas de Davi em Florença.

  • Bolonha
Torres de Bolonha

Torres de Bolonha

Começamos a segunda-feira, 20 de março, pegando a estrada de Mestre (Veneza) para Bolonha. Uma viagem tranquila de 150 km. Chegamos ainda de manhã no B&B Cesarina dos “nonnos” dona Cesarina e seu marido, Giorgio. Nenhum dos dois falava inglês, exceto algumas palavras que o Giorgio pronunciava, do tipo “wait”, “come” e “bye”. Foi engraçado mas nos entendemos. O quarto era grande e bem confortável e o casal não parava de nos oferecer café. O apartamento deles fica numa área residencial bem tranquila. Pegamos um ônibus e logo estávamos no centro de Bolonha.

Tracei como primeiro destino as famosas torres Asinelli e Garisenda. Ambas são enormes e inclinadas. Antigos símbolos políticos, de poder, e de proteção, Bolonha ainda tem 20 torres e essas são as mais conhecidas, por serem as mais altas e inclinadas. Dizem que dá para subir na Asinelli, com seus quase 500 degraus, mas não tentamos.

Depois de tirar algumas fotos continuamos a caminhar pelas bonitas ruas da cidade, procurando um lugar para almoçar. Mas já passavam das 15h e muitos restaurantes estavam fechados. Encontramos um lugarzinho pequeno, barato, mas bem ruim. Até que tentamos comer algo “al ragu” (ou, como conhecemos, à bolonhesa), mas não era bom. Pelo menos matou a fome. Deixamos pra dar mais uma chance para Bolonha na hora da janta.

Continuamos a caminhar, visitando alguns lugares conhecidos, como a Piazza Maggiore e a Basilica di San Petronio, que tem uma fachada bem peculiar. A impressão que dá é que na metade da obra o orçamento estourou e decidiram terminar a igreja de qualquer jeito.

Ficamos com sede e o mapa nos mostrou que em Bolonha há um bar da Birra Baladin. Ela fica dentro de um centro gastronômico chamado Mercato di Mezzo, meio que uma praça de alimentação que liga duas ruas, é coberto, dois andares, mas tem poucas mesas. O Baladin é um balcão pequeno com alguns taps, mas depois das 18:30 abre uma parte atrás, no subsolo, que possui mais mesas e serve hambúrgueres e outras coisas. Tomamos algumas boas cervejas, inclusive uma Xyauyù. Não foi barato, mas valeu a pena.

Em uma das saídas do Mercato di Mezzo você dá de cara com o Eataly de Bolonha. Entramos lá para conhecer. Não era grande, mas tinha diversos andares com muita comida, temperos, livros, algumas cervejas italianas, vinhos, etc. Provavelmente muito parecido com os outros Eatalys pelo mundo, só que menor, mas como nunca tínhamos ido em um, gostamos da visita.

Logo deu a hora dos restaurantes abrirem para o jantar e com a ajuda das notas que o pessoal dá no Google, encontramos a Trattoria Osteria Buca Manzoni. Um típico lugar com mesas de toalha xadrez. Agora sim, comida de verdade. A Taíse pediu um capeletti com um molho branco tradicional de Bolonha, cujo nome não me recordo. Eu comi um tagliatelle al ragu que estava muito bom. Terminamos bem o dia.

No dia seguinte arrumamos as malas, mas a dona Cesarina não nos deixou ir embora sem antes tomarmos um café da manhã. Conversamos um bocado, meio em português, meio em italiano improvisado. Ela foi muito querida, nos contou histórias da sua vida, sempre muito feliz e dando risada. Estávamos em casa.

Igreja e Baladin de Bolonha

Basilica San Petronio e Baladin de Bolonha

  • Florença
Davi de Michelangelo

Davi de Michelangelo

De Florença para Bolonha são uns 100 km. Quando reservei o Hotel Crocini, eles enviaram um pequeno mapa mostrando como chegar de carro ao local. Aparentemente se eu tomasse uma rota diferente teríamos que pagar uma taxa. Chegamos conforme o mapa mandou e já fomos entrando com o carro no pátio interno. De repente veio alguém nos atender e logo nos perguntou, em bom português, se éramos brasileiros. O italiano Lorenzo é casado com a brasileira Angélica e, juntos, são os donos do hotel. Ele fala português perfeitamente. Geralmente encontrávamos com ele durante a tarde e com ela pela manhã no café, por sinal um dos melhores que tomamos na viagem.

O quarto também era muito espaçoso e confortável, perto do rio Arno que corta a cidade, e da embaixada americana, o que significava que em alguns pontos havia bastante polícia.

Conforme o Lorenzo nos explicou, Florença é “2 km pra cá, 2 km pra la, o resto não tem nada”. Pensem num quadrado de 2 por 2. E basicamente é isso mesmo, dá pra fazer tudo à pé.

Florença é uma cidade medieval pequena, com muita arte em todos os cantos. Berço do Renascimento, lar de Leonardo da Vinci por muitos anos e casa da família Médici.

Duomo de Florença

Duomo de Florença

Deixamos nossas bagagens no hotel e saímos para caminhar. O primeiro destino era a Galleria dell’Accademia, aonde está exposto o Davi de Michelangelo. O Davi original, pois há diversas réplicas pela cidade. Comprei os ingressos pela internet ainda no Brasil, com horário marcado. É só você chegar uns minutos antes no museu, trocar por ingressos num lugar do outro lado da rua, e entrar tranquilamente sem pegar filas. Você paga alguns euros a mais por isso, mas vale a pena não ficar perdendo tempo.

O museu é muito bonito, tem obras de arte incríveis, mas é o Davi quem rouba a cena. Dá pra chegar bem perto e ter uma visão 360 graus dele. Recomendo muito a visita, ficamos mais de uma hora admirando as muitas esculturas e quadros do museu.

Ao sair da galera, pudemos passear sem pressa pelas ruas medievais de Florença. A praça central ostenta uma das maiores igrejas do mundo, o Duomo de Florença. No dia seguinte entramos na igreja, é de graça, e o domo central da igreja com os afrescos é muito impressionante.

Depois de uma passada no hotel para descansar, saímos para jantar. Encontrei algumas cervejarias em Florença e o plano era conhecer todas nas duas noites que passamos na cidade. Primeiro fomos na Birreria Artigianale Il Bovaro. É um brewpub na margem sul do rio Arno, mas não achei as cervejas muito impressionantes. No entanto, a Taíse comeu uma pizza sensacional e eu comi um pernil de porco na cerveja que se desmanchava no osso. Sensacional.

Matamos a fome mas não a sede, e nos dirigimos para o Archea Brewery. Recomendo a visita, gostamos bastante. Um bar pequeno, com uma decoração legal e com 10 opções de cerveja na pressão (metade deles, metade de convidados italianos) e mais diversas outras em garrafas. Todas cervejas excelentes. Destaque para a Griotta (Farmhouse Sour Ale) da cervejaria Loverbeer, dica da Júlia Reis.

Mais uma dica da Júlia e do meu amigo Felipe pelo Facebook foi a Trattoria Mario (foto de destaque do post). Depois de dormir bem, tomar um café reforçado e passear por boa parte da manhã, fomos lá conferir. O local é bem raiz, com o cardápio só em italiano, mesas pequenas e que você tem que compartilhar com mais pessoas, caso não haja mesa livre. Comi uma carne ensopada que me deixou com fome só de lembrar e a Taíse um raviolli com alcachofras. Pedimos 1/4 L de vinho da casa e tivemos que pedir mais 1/4, pois gostamos muito. Não entendo tanto de vinho quanto gostaria, mas pelo que me contaram, o vinho da região de Florença é o chianti. Se for pra escolher um lugar pra almoçar em Florença, esse é o lugar!

Ah! e se forem visitar a Trattoria Mario, reparem na quantidade de coisas pró-Fiorentina e anti-Juventus no local. Tem mais de uma foto do homem que fica no caixa – deve ser um dos filhos do Mario – no estádio com faixas escrito “Juve merda”.

Ponte Vecchio

Ponte Vecchio

Depois de sairmos redondos do restaurante, fomos em direção à Ponte Vecchio, uma ponte muito peculiar por ter diversas lojas nela e por ter um corredor exclusivo para o uso da família Medici a 2 andares de altura.

Seguindo o caminho, atravessamos o rio e subimos o morro até a Piazzale Michelangelo. Além de (mais) uma réplica de Davi, a praça fornece uma vista panorâmica da cidade. É possível subir a igreja Duomo e ter uma vista parecida, mas acho que a da Piazzale Michelangelo deve ser mais bonita, pois conseguimos justamente ver a igreja junto com o resto da paisagem. A subida do morro à pé é meio cansativa, mas nada que não dê pra aguentar. Aproveitamos para comprar alguns souvenires nas barraquinhas ao redor da praça.

Na descida, tudo calculado, rumamos para a Beer House Club. Um ótimo bar, com 12 taps – 5 italianos e o restante de outros países da europa, incluíndo Rodenbach Gran Cru -, diversas cervejas italianas, belgas e americanas em garrafa (algumas um pouco caras) e opções de comida. Bebemos bem ali. Se estiverem por perto, recomendo a visita.

Beerhouse

Beerhouse

Depois de mais algumas compras pela cidade, um gelatto e muitas fotos, voltamos para o hotel para descansar um pouco e fomos jantar no restaurante Borderline, que fica a poucos metros do hotel. Excelente opção, com muitos frutos do mar. Comemos risoto de frutos do mar, gnocchi, um tiramisu de sobremesa e no final ainda nos serviram uma bebida um tanto peculiar numa garrafa de plástico bem vagabunda, chamada arancino. Uma bebida doce e bem alcoólica, com gosto forte de limão. Pesquisem na internet a receita de arancino (não confundir com arancini, o bolinho de risoto frito). É basicamente açúcar, álcool de cozinha (sim, álcool etílico 90°), água e limão.

No caixa comentei que nunca havíamos bebido isso e nos ofereceram uma versão de laranja. Mesma coisa que o anterior, só com sabor de laranja. Ele disse que a tia do dono do restaurante é quem faz. Sobrevivemos para contar a história, mas não sei se quero beber isso de novo.

Pela manhã seguinte continuamos nossa viagem, agora para Roma. Aguardem cenas do próximo capítulo.

Salute!

Daniel Ferreira de Córdova

Panorâmica de Florença da Praça Michelangelo

Panorâmica de Florença da Praça Michelangelo