Turista Sofre 2017: Itália – parte 1: Milão e norte da Itália

Conforme prometido, voltamos com a série Turista Sofre. Esse ano a viagem foi para a Itália.

Duomo de Milão

Duomo de Milão

Ano passado acabei falhando e não relatei minha viagem pro Uruguai e Argentina, mas o prejuízo não foi tão grande porque já foram publicados outros posts aqui no blog sobre esses países: aqui e aqui.

Esse ano a Taíse (minha esposa) e eu arrumamos as malas e enfrentamos incontáveis de viagem nas desconfortáveis cadeiras da Alitalia rumo à Itália. Passamos duas semanas viajando pela bota e vou relatar pra vocês nas próximas semanas como foi.

Os voos foram comprados para Milão que, apesar de fazerem escala em Roma, eram mais baratos do que os voos para Roma. Então embarcamos no aeroporto do Galeão (RJ) e na quarta-feira, 15 de março, chegamos em Milão no final da manhã.

  • Milão

A primeira coisa que fiz ao chegar no aeroporto foi comprar um chip de celular. Achei uma loja da marca “sem fronteiras” e comprei um por 13 euros, com 3 GB de internet. Isso ajudou bastante, pois sempre que precisávamos pesquisar algo estava ali à mão. Mesmo assim, antes de viajar eu já havia baixado os mapas da Itália pelo aplicativo do Google Maps no celular, só por segurança.

Descobrimos que meu plano de pedir um Über até o hotel sairia muito caro, mais de 20 euros. Conseguimos pegar um ônibus (1,50 por pessoa) e arrastar as malas por diversas quadras até chegarmos no hotel Piola. O hotel fica numa parte residencial e tranquila da cidade e o acesso ao centro de Milão por transporte público é fácil. Mas chegamos um pouco cedo para o check-in, então deixamos as malas guardadas lá e encontramos uma trattoria para fazermos a nossa primeira refeição italiana.

Encontrei a “Trattoria Ambrosiana”. Um lugar que pareceu bem local e tradicional. Pedimos cada um um prato de espaguete, o meu “al ragu” (a nossa tradicional bolonhesa). Tomamos vinho e água para acompanhar. Foi bem servido e mais barato do que muitos outros lugares que encontramos na viagem. Se não me engano, a conta saiu 18 euros no total, incluindo os 2 espressos que tomamos de sobremesa (1 euro cada – o preço padrão pra espresso na Itália).

Nos restaurantes italianos eles dividem o cardápio entre Primeiro Prato (primo piatto), Segundo Prato (secondo piatto) e Sobremesas (esqueci o termo). Geralmente o primeiro prato contém massas com molhos e o segundo já tem pratos mais incrementados, com carnes e um pouco mais caros. As pizzas não entram nessa classificação. Os que servem pizza deixam elas em uma parte separada do menu. No entanto você não é obrigado a seguir a ordem dos pratos. Muitas vezes só comíamos o primeiro prato, ou íamos direto para o segundo e nenhum garçom fez cara feia.

Os vinhos são servidos em jarrinhas de 1/4 L, 1/2 L ou garrafa inteira. Geralmente pedíamos 1/4 L e dividíamos. A água (naturale ou frizzante) é servida em garrafinhas pequenas ou de 1 L.

Lambic no Brasserie Bruxelles

Lambic no Brasserie Bruxelles

Depois de comer e fazer check-in, saímos para passear na cidade. Visitamos alguns pontos turísticos, como a Piazza del Duomo e o Quadrilátero da Moda. Tomamos nosso primeiro gelatto numa barraquinha da rua (2,50 cada copinho) e finalizamos o dia cansativo tomando cervejas na Brasserie Bruxelles. Pois é, no nosso primeiro dia de Itália tomamos cervejas belgas e americanas, mas recomendo o bar, é bem legal.

Apesar de não ter ido, também recomendo os bares do Birrificio Lambrate. Segundo o maps, eles tem 2 bares em Milão. Encontrei cerveja deles uns dias mais tarde e tomei uma, aprovada.

Gostamos de Milão. É uma cidade grande, com diversos pontos turísticos para ver (inclusive o afresco da Santa Ceia de Leonardo Da Vinci) e vale a pena a visita.

No dia seguinte voltamos ao aeroporto para retirar o carro que alugamos: um Corsa 1.2. Partimos para Basano del Grappa.

Os hotéis e BNBs da viagem foram todos reservados pelo Booking e o carro aluguei pelo Rentalcars. Deu tudo certo e recomendo.

Com 15min dirigindo o carro entramos numa autoestrada e demos de cara com o primeiro pedágio. E agora? Todos os guichês eram automáticos, não haviam atendentes. Fiquei parado sem saber o que fazer. A tela não mostrava nada, o botão de ajuda foi apertado algumas vezes e nada. Os carros foram parando atrás de mim e as buzinas começavam a ficar mais intensas. O nervosismo foi aumentando. Então vi um bilhete em uma das saídas da máquina. Puxei aquilo e a cancela se abriu. Dei o fora! Mais pra frente ao sair da rodovia você insere o bilhete novamente e a máquina te cobra o valor do deslocamento. Não são nada baratos os pedágios por lá, mas as estradas pedagiadas são um tapete.

  • Basano del Grappa

No caminho para Basano del Grappa, encontrei uma cervejaria chamada Birrificio Indipendente Elav, na cidade Comun Nuovo, na região do Bérgamo. É uma fábrica relativamente pequena, que tem um bar meio escondido e vende garrafas e camisetas. A maioria das cervejas deles são APAs, IPAs e variações desses estilos, mas comprei uma belgian strong dark ale também por lá. Fomos muito bem atendidos e na saída ele nos deu uma sugestão de almoçar no centro da cidade que, segundo ele, estava tendo um evento e a cervejaria tinha uma barraquinha por lá.

Cervejas na Elav, Pizza e Basano del Grappa

Cervejas na Elav, Pizza e Basano del Grappa

Acho que inseri o endereço errado no GPS, pois acabamos numa praça de mesmo nome mas sem evento nenhum, na cidade de Stezzano. Almoçamos as primeiras pizzas da viagem no Ristorante Pizzeria da Michele. Muito boas e com preços bem justos. Depois de encher a barriga, pegamos a estrada e chegamos, finalmente, a Basano del Grappa.

Basano é uma cidade pequena e muito bonita ao pé do Monte Grappa, uma montanha famosa na região e que atrai muitos turistas, ciclistas, e praticantes de voo livre. Além disso, a cidade possui diversas destilarias familiares especializadas em fazer grappa, um destilado feito a partir do bagaço resultante do processo de vinificação.

Fizemos check-in no Hotel Ristorante alla Corte – excelente hotel, um dos melhores que ficamos -, que era um pouco afastado da cidade, e fomos para o centro. Passeamos pelo centrinho histórico, a ponte antiga (Ponte di Pacelli), compramos uma garrafa de Grappa envelhecida em barril e paramos na Birreria da Ponte di Pacelli para comer alguma coisa e beber uma boa cerveja. Tomamos cervejas das cervejarias La Fresca e Birra Antoniana. A Antoniana era uma APA muito saborosa. Também comi um sanduíche de porco desfiado que estava sensacional.

Voltando ao hotel, nos aproveitamos da comodidade de ter um restaurante lá para, enfim, bebermos algumas grappas. Eles tinham opções muito boas da destilaria Poli. Umas mais intensas, umas mais fracas e algumas envelhecidas em barril. Uma melhor que a outra!

Fim da linha =(

Fim da linha =(

No dia seguinte demos ‘ciao’ à Basano e fomos subir o Monte Grappa. É possível subir de carro e a estrada é bastante sinuosa e muito bonita. Muitos ciclistas subindo e descendo o monte. Infelizmente, chegamos a um ponto aonde ela estava fechada para carros. Segundo alguns ciclistas, havia gelo na pista mais acima, apesar de o dia estar ensolarado e a temperatura perto de 10 °C. Até tentamos seguir um pouco à pé, mas faltavam 6 km para o topo e a gripe que ambos pegamos em Milão não estava ajudando em nada (todo mundo na Itália parecia que estava gripado).

Uma pena, mas fica para a próxima.

  • Cavaso del Tomba

Voltamos para a estrada, rumo à Cavaso del Tomba. Logo antes de chegar vimos uma construção muito bonita e grande no alto de um morro e fomos lá conferir. Era o Templo Canoviano, na cidade de Possagno. Não conseguimos entrar, mas pelo que pesquisei ele foi projetado por Antonio Canova (escultor nascido em Possagno) para ser uma versão menor do Panteão de Roma. Bem impressionante o local.

Chegamos então ao nosso hotel em Cavaso del Tomba: Locanda alla Posta. O local é um restaurante no térreo e possui alguns quartos nos andares superiores. Éramos os únicos hóspedes. A decoração é toda antiga e a Taíse estava se sentindo na casa da “nonna”. Muito bonito, tudo bem cuidado e colonial.

Templo Canoviano, Locanda Alla Posta e a pacata cidade de Cavaso del Tomba

Templo Canoviano, Locanda Alla Posta e a pacata cidade de Cavaso del Tomba

Fomos dar uma volta na cidade, mas não há muito o que ver. Muitas casas antigas, novas, uma igrejinha pequena, tudo bem pacato e calmo. Inclusive foi aí que percebemos que nesses lugares muitas coisas fecham durante a tarde e abrem novamente depois das 16:30. Não havia ninguém na rua e as poucas pessoas, geralmente idosas, que passavam de carro por nós sorriam ao verem turistas por lá.

Encontramos um mercado e compramos algumas coisas para jantar no quarto do hotel e economizar um pouco com restaurantes, mas não resistimos em descer para ao restaurante do hotel e tomar uma taça de vinho cada um.

Bom, hoje contei sobre os 3 primeiros dias da viagem. No dia seguinte chegamos em Veneza, mas isso eu vou deixar para contar na semana que vem.

Salute!

Daniel Ferreira de Córdova