Weihenstephan, a herança de Reis e Monges!

Sem dúvida a cerveja da Weihenstephan é uma das mais icônicas para se iniciar uma pessoa ou até mesmo por curiosidade própria para se conhecer algo novo. A cervejaria alemã é conhecida por ser a mais antiga em operação no mundo, devido à dedicação da família real da Baviera, a Saint Corbinian e outros 12 monges muito competentes.

Colina de Weihenstephan

Em destaque o Monastério

A maioria dos leitores e ouvintes aqui do BeerCast deve conhecer esta cerveja, de nome bastante simples de se pronunciar (hahaha…) e que significa “Stephan Sagrado”, porém aposto que é a qualidade e o fato dela ser uma Hefe-Weiss (Cerveja de Trigo) que mais marca as suas características. Outro ponto importante é o fácil acesso, assim sendo costumeiramente uma cerveja de entrada para se conhecer estilos novos.

Então, antes de eu iniciar, vou dar aquela ajudada básica para se falar Weihenstephan. Vou separar por sílabas como de costume:

Wei = Pronuncia-se igual a palavra “Vai

Hen = Pronuncia-se com a entonação igual da palavra “Hena” (aquelas tatuagens temporárias).

Ste = Pronuncia-se com a entonação igual do final da palavra “Este”.

Phan = Pronuncia-se igual a palavra “” mas com um “N” presente no final.

Er = Pronuncia-se “Ér” mas é um sufixo que só é usado quando nos referimos a cerveja.

VaiHen-SteN – Wei-Hen-Ste-Phan

Pronto, agora que esse pequeno empecilho, com a palavra Weihenstephan, foi resolvido posso começar a contar a história do local mais sagrado do mundo da cerveja!

Monastério antes da cervejaria

Gravura Antiga

Manuscrito antigo do monastério

Manuscrito

O mosteiro está localizado em Freising, que por sua vez fica na região de Munique. Inicialmente, a até então igreja de Stephan, não detinha a atividades de produção cervejeira e esta se iniciou em 725. Porém foi somente em meados de 1020, quando a igreja se tornou o mosteiro do Sagrado Stephan, que os processos para se tornar uma cervejaria licenciada pela cidade foram adquiridos.

A receita “Original” da Weihenstephan, que da o nome também a cerveja, é de uma Munich Helles e que foi mantida até 2008, quando a cervejaria resolveu adaptar-lá para os padrões dos paladares atuais. Documentos históricos mostram que, antes do monastério se tornar uma cervejaria, os monges mantinha uma plantação de lúpulo no próprio jardim, com finalidades de uso cervejeiro e também foi atribuído aos mesmos o início da prática de colheita seletiva de leveduras, isto é, pegar as leveduras ideais e reaproveitar. Há também registros que dizem sobre armazenamento em cavernas (a frio) no local, assim sendo um dos primeiros registros sobre a produção de Lager.

Escorregadores na TUM

Foi em 1040 que a Weihenstephan começou oficialmente a produzir e vender cerveja para toda a comunidade. Porém o monastério que hoje pode ser visitado e que abriga a faculdades cervejeira mais importantes do mundo (TUM), não é o mesmo que daquela época pois mo século X foi demolido e um tempo depois reconstruído. Durante os anos de 1085 e 1463, Weihenstephan sofreu com um terremoto, com a peste, 4 incêndios, fome e destruição causados por outros povos. Os monges nunca desistiram do seu objetivo, continuaram a fazer a  mesma cerveja de forma magistral e a única derrota considerada aconteceu em 1803, quando a cervejaria passa a ser de controle do estado, assim permanecendo até hoje.

Criador da lei da pureza

Guilherme IV

A região da Bavária mais exatamente perto de Munique, em alemão München que deriva de Mönchen (Monge), sempre foi bem abastecida por boas cervejas. Em 1160, a Weihenstephan já possuía uma concorrente, a Hofbräuhaus Freising, a cervejaria do Bispo e de sua corte. A partir de 1400, Weihenstephan e Freising começaram a receber comandos da família real e consequentemente sendo comandadas pelo Duque Guilherme IV, famoso pela lei da pureza alemã. Desta forma o duque obteve o total controle sobre a produção de cerveja na sua região e institui a proibição da produção de cervejas de trigo com a Reinheitsgebot em 1516. A família real passou a ter monopólio da produção durante 400 anos, sendo ela a dona das maiores cervejarias locais que basicamente baseavam sua produção em cervejas de trigo, com a desculpa de proteger os suprimentos de grão voltados para a produção de pão.

Em 1872 a família real contratou um experiente mestre cervejeiro chamado Georg Schneider para fabricar novamente uma Weissbier na região, que naquela época e pela proibição tinha desaparecido por completo. Tempos depois Schneider fundou sua própria cervejaria, conhecida como Schneider & Sohn (Schneider e Filho) e que é mais reconhecida pela cerveja Aventinus e suas criações nomeadas por número, TAP 1 a 7.

Outra cervejaria que a família real adquiriu foi a de Kaltenberg, que cedeu espaço para a construção de vários castelos durante um longo período e sendo o último o de Neuschwanstein, o castelo que inspirou Walt Disney para a história de a Bela Adormecida.

Inspiração para Disney

Neuschwanstein

Após todo esse tempo a tradição, os altos e baixos, fizeram com que essa cervejaria não se tornasse somente a mais antiga em operação mas também uma das, se não a, mais avançada cervejaria no mundo! Pois a faculdade lhe confere um avançado centro de estudo tecnológico que forma e já formou alguns dos melhores mestre cervejeiros, que ali treinaram.

Sempre com um ótimo marketing

Sede de Vida.

Fonte: Guia Ilustrado Zahar, Vamos falar de Cerveja e O Livro da Cerveja.