Boa Cerveja-Feira…. com Wheat is the new Hops

Depois da série da Samuel Adams vou partir para uma série um pouco mais pessoal, dois meses atrás recebi algumas cervejas de presente de aniversário – esta é uma das vantagens das pessoas saberem seus gostos – e vou agradecer colocando aqui minhas impressões sobre estas cervejas.

Vou começar falando de uma cervejaria “itinerante” a Mikkeller, criada pelos dinamarqueses Mikkel Borg (físico e matemático) e seu amigo Kristian Keller que começaram como cervejeiros caseiros, seu primeiro sucesso foi uma Outmeal Stout, depois disso Kristian Keller deixou a sociedade e com isso Mikkel se tornou o único dono da cervejaria, famosa por fazer parcerias pelo mundo inteiro criando e inovando em suas receitas.

A cerveja em questão é uma parceria com a Grassroots Brewing, de Vermont (EUA), porem produzida sob o contrato da cervejaria De Proefbrouwerij (Bélgica). A “Wheat is the new Hops” é um dos bons exemplos do nível de criatividade da Mikkeller, trata-se de uma IPA feita com trigo não maltado e fermentada com levedura selvagem (Brettanomyces), famosa por conta das Lambics belgas. O resultado desta improvável união é no mínimo peculiar.

Wheat is the new Hops

Dados Técnicos:

Cerveja: Whe2014.05.30 Wheat is the new Hopsat is the new Hops
Estilo: IPA
Teor: 6,0%
País de origem: EUA / Dinamarca / Bélgica
Embalagem: 330 ml

Quando servimos encontramos uma cerveja amarela, levemente turva e com espuma branca que desce relativamente rápido até restar uma fina coberta de branca sobre o líquido.

No aroma temos clareza da presença da Brettanomyces com as notas selvagens de couro que surgem em primeiro plano, mas encontramos em segundo plano notas cítricas de lima e maracujá, alem de suaves notas de malte e banana.

Quando provamos percebemos um líquido de corpo médio/baixo e carbonatação média, e no sabor as notas cítricas de lima, maracujá e frutas brancas como pêra se destacam, aliados as notas de malte e especiarias que surgem em segundo plano equilibrando a experiência.

No aftertaste o amargor ganha um pouco mais de presença, mas ainda discreto para uma IPA, as notas cítricas se mantêm presentes com a adição de notas resinosas e temos o retorno das notas selvagens da Brettanomyces.

Esta é uma cerveja complexa, que brinca com os sentidos e percepções trazendo notas cítricas, selvagens, malte e amargor em diferentes momentos e intensidades.

Para a harmonização eu indicaria um prato apimentado, para salientar as notas de lúpulo e aproveitar o toque de malte da cerveja, mas isso seria simplista para esta cerveja. Então indico um frango no estilo tailandês, pois as notas picantes do curry e páprica farão às vezes das pimentas regulares que conhecemos e trará uma picância diferente e única, como a proposta da cerveja.

Prost!

Fabrizio Guzzon