Depois da série da Samuel Adams vou partir para uma série um pouco mais pessoal, dois meses atrás recebi algumas cervejas de presente de aniversário – esta é uma das vantagens das pessoas saberem seus gostos – e vou agradecer colocando aqui minhas impressões sobre estas cervejas.
Vou começar falando de uma cervejaria “itinerante” a Mikkeller, criada pelos dinamarqueses Mikkel Borg (físico e matemático) e seu amigo Kristian Keller que começaram como cervejeiros caseiros, seu primeiro sucesso foi uma Outmeal Stout, depois disso Kristian Keller deixou a sociedade e com isso Mikkel se tornou o único dono da cervejaria, famosa por fazer parcerias pelo mundo inteiro criando e inovando em suas receitas.
A cerveja em questão é uma parceria com a Grassroots Brewing, de Vermont (EUA), porem produzida sob o contrato da cervejaria De Proefbrouwerij (Bélgica). A “Wheat is the new Hops” é um dos bons exemplos do nível de criatividade da Mikkeller, trata-se de uma IPA feita com trigo não maltado e fermentada com levedura selvagem (Brettanomyces), famosa por conta das Lambics belgas. O resultado desta improvável união é no mínimo peculiar.
Wheat is the new Hops
Dados Técnicos:
Cerveja: Wheat is the new Hops
Estilo: IPA
Teor: 6,0%
País de origem: EUA / Dinamarca / Bélgica
Embalagem: 330 ml
Quando servimos encontramos uma cerveja amarela, levemente turva e com espuma branca que desce relativamente rápido até restar uma fina coberta de branca sobre o líquido.
No aroma temos clareza da presença da Brettanomyces com as notas selvagens de couro que surgem em primeiro plano, mas encontramos em segundo plano notas cítricas de lima e maracujá, alem de suaves notas de malte e banana.
Quando provamos percebemos um líquido de corpo médio/baixo e carbonatação média, e no sabor as notas cítricas de lima, maracujá e frutas brancas como pêra se destacam, aliados as notas de malte e especiarias que surgem em segundo plano equilibrando a experiência.
No aftertaste o amargor ganha um pouco mais de presença, mas ainda discreto para uma IPA, as notas cítricas se mantêm presentes com a adição de notas resinosas e temos o retorno das notas selvagens da Brettanomyces.
Esta é uma cerveja complexa, que brinca com os sentidos e percepções trazendo notas cítricas, selvagens, malte e amargor em diferentes momentos e intensidades.
Para a harmonização eu indicaria um prato apimentado, para salientar as notas de lúpulo e aproveitar o toque de malte da cerveja, mas isso seria simplista para esta cerveja. Então indico um frango no estilo tailandês, pois as notas picantes do curry e páprica farão às vezes das pimentas regulares que conhecemos e trará uma picância diferente e única, como a proposta da cerveja.
Prost!
Fabrizio Guzzon
Caraca nunca sei o que esperar da Mikkeller, quando imaginei que já tinha experimentado algo diferente, tipo Wheat + Hops, vejo que tem algo que faltou… Bretta! Rs
Definitivamente entrou na lista!
Luquita,
Quando eu vi a cerveja pela primeira vez imaginei que fosse só trigo e lupulo, mas depois que abri já percebi que tinha algo a mais… e a Breta já marcou de cara o aroma.
Vale a pena conhecer sim, não é uma cerveja “fácil”, mas é uma experiência muito válida
Abç
Guzzon
Confesso que leio a coluna do Guzzon religiosamente e sempre curto as harmonizações, hoje fique com água na boca e precisei comentar que deu uma fome do caraleo!
Cheers!
Gustavo,
A harmonização é sempre uma parte não dá para pensar sem petiscar alguma coisa, se for o prato descrito melhor ainda, quando não tem eu vou em algo parecido, pelo menos para matar a vontade e ver se funciona mesmo… rsrs
Abç
Guzzon
Guzzon,
Comigo também tem acontecido assim, quanto mais a fama se espalha, maior a chance de ganhar cerveja de presente! Da Mikkeller conheço as que fizeram para o HNB, a Wild Winter, Saison Sally, a 10 hopes e a Croked Moon Tatoo (a de nome mais sonoro!). Todas tem um caráter especial e distinto. O que você achou, dá pra chamar essa aí realmente de IPA?
Tambem experimentei as duas da HNB e agora esta.
Apesar dela ter o aroma de lupulo e a graduação alcoólica, o amargor é bem abaixo do esperado para uma IPA.
E isso descontando todos os outros aromas que o trigo e a Breta trazem para a cerveja.
Tanto que para muitos, apesar de estar como IPA no rotulo, ela é uma Wild Ale… e até acho que pelas caracteristicas ela se enquadre melhor mesmo como Wild Ale
Abç
Guzzon
IPA + trigo não maltado + levedura selvagem.
Pega tudo que é tradicional e aprendeu na vida e esquece.
Fermentação selvagem é algo que me dá um pouco de medo, já acredito que vai ser algo bem longe do que estou acostumado.
A Mikkeller é uma cervejaria que ainda to devendo provar algum rótulo, apesar de não ser tão dificil de achar, tem um preço geralmente proibitivo.
Mas uma boa análise pra gente tentar conhecer umas cervejas mais malucas… e mesmo que a gente não goste… vale pela experiência rs
Minha experiência com as Mikkellers que bebi foi sempre positiva, mesmo neste caso com a Breta. Mas aconselho a buscar algum rotulo um pouco mais conservador que este para provar, vale muito a pena.
Este, apesar de ter me agradado, não é algo simples de beber..
Abç
Guzzon